Tribunal anula relatório de impacte ambiental da barragem de Pisão no Alentejo

Em comunicado à agência Lusa, a Aliança C7 de ONG Ambientais (ONGA) revelou que o TAFCB emitiu na sexta-feira um acórdão declarando a inclusão do DIA na Propriedade Ambiental Unitária (TUA) a ser divulgada em setembro de 2022.

Na sequência desta decisão, o tribunal ordenou à Agência Portuguesa do Ambiente (APA) que registasse a anulação do acórdão no TUA, segundo a Aliança C7.

A Aliança C7 faz parte da Quercus, da Zero, da Sociedade Portuguesa para o Estudo da Ornitologia (SPEA), da Liga para a Protecção da Natureza (LPN), da Associação Portuguesa da Natureza e da WWF, da Associação Portuguesa para a Protecção da Biodiversidade (FAPAS). ) e a Associação de Ordenamento do Território e Grupo de Investigação Ambiental (GEOTA).

Segundo os ambientalistas, depois de transitar em julgado, “a sentença proferida pelo TAFCB passará a ser definitiva. Quaisquer ações ou processos que dependam do DIA/TUA não podem prosseguir e devem ser anulados por dele dependerem e por estarem em conformidade com o DIA. /cancelamento de TUA".

Os ambientalistas sublinharam que “os concursos públicos e incentivos que deram início a esta obra devem ser cancelados/retirados”.

Para a Aliança C7, se a decisão não for objeto de recurso, “deixará de existir” uma declaração de impacto ambiental válida ou um título ambiental único, o que significa que “nenhuma construção relacionada com as obras poderá prosseguir”.

Grupos ambientalistas saudaram a decisão do tribunal, argumentando que “a construção da barragem de Pisao colocará em perigo os interesses nacionais e os da União Europeia, absorvendo fundos europeus num projecto que não respeita a sua estratégia e legislação”.

Argumentaram que o projecto de Desenvolvimento Hídrico Multifuncional do Crato (EAHFM), também conhecido como Barragem do Pisão, envolve “danos ambientais significativos e irreversíveis e não se espera que resulte em benefícios públicos significativos”.

Portanto, “numa altura em que se fala muito no investimento na recuperação da natureza e no combate urgente às alterações climáticas, esta é uma vitória importante para o país e para a proteção do ambiente, do solo e das paisagens”, lê-se num comunicado.

Os ambientalistas referiram ainda que o acórdão revelou que a construção da barragem teve um impacto “irreversível e muito significativo” no valor ecológico da área de estudo, derrubando “quase 60 milhões de árvores protegidas” e “14 habitats prioritários”.

Segundo a aliança C7, o Ministério Público “aderiu à mesma” decisão, afirmando ter “violado repetidamente” o regime de avaliação de impacte ambiental (AIA), nomeadamente porque os impactos cumulativos do projecto e da relocalização da vila de Pisão não foram “devidamente levado em consideração”.

A Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), que lidera o projeto, espera investimentos nesta obra, inscritos no Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), de cerca de 141 milhões de euros. estado.

De acordo com o calendário apresentado pelo CIMAA à Comissão Europeia, as obras de construção da barragem deverão estar concluídas até ao final de 2026.