Todos os imigrantes passam a receber subsídio de mobilidade social no Congresso da República dos Açores |

Todos os migrantes que residam nos Açores há mais de seis meses podem agora receber benefícios de mobilidade social, de acordo com uma alteração à lei que o parlamento do país aprovou esta sexta-feira, por unanimidade. O subsídio destina-se ao transporte aéreo entre os Açores e o continente e entre os Açores e a Madeira, pagando os beneficiários preços com desconto.

A proposta – que está em debate e votação – foi aprovada por unanimidade pela Assembleia Legislativa dos Açores no dia 13 de dezembro e entra em vigor juntamente com a Lei do Orçamento Nacional, publicada para 2025. Gazeta da República - Alargar o âmbito dos subsídios de mobilidade social a todos os imigrantes residentes nos Açores há mais de seis meses.

O governo regional já defendeu anteriormente a “clarificação” da lei que regula as prestações de mobilidade social para garantir que “todos os residentes” do arquipélago tenham direito ao apoio, independentemente da nacionalidade.

Até agora, por lei, os benefícios de mobilidade social abrangem apenas cidadãos de Portugal, da União Europeia (UE), dos estados membros do Acordo de Schengen (Noruega, Islândia, Liechtenstein e Suíça) e dos estados signatários da UE e de Portugal. Foram assinados acordos de cooperação e amizade (como é o caso do Brasil), deixando de fora dados de um total estimado de 2.500 pessoas – o que, segundo a deputada Inês Sousa Real (PAN), significa que mais de 60% dos imigrantes estão excluídos.

Lei 'totalmente injusta'

Durante o debate sobre a proposta realizado esta sexta-feira no Parlamento da República, os socialistas recordaram que desde a criação do subsídio de mobilidade social, em 2015, esta exclusão nunca foi implementada. No entanto, com o atual governo (PSD/CDS-PP), alguns imigrantes residentes nas regiões autónomas foram excluídos nos últimos meses, segundo informação divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística. diário de notícias e os canais regionais da RTP nos Açores e na Madeira.

O motivo da exclusão é que os CTT (que reembolsam a diferença entre o valor inicialmente pago pela viagem e o valor definido como residente) consideram que o subsídio relevante abrange apenas cidadãos nacionais da UE ou de países da UE. Tratado de livre circulação com Portugal (como é o caso do Brasil).

O PSDB explicou que a mudança foi justificada por deixar claro no texto da lei que o subsídio vale para todos os imigrantes que residam na região há mais de seis meses. No entanto, isto aconteceu porque, como recordou a deputada Isabel Mendez López (Livre), começou uma “interpretação restritiva e estrita” da lei, defendendo que “ninguém dos Açores deve ser privado de benefícios de mobilidade social”.

“Esta lei foi mal escrita, felizmente, em nove anos nunca foi implementada porque era completamente injusta”, concordou o vereador Fabian Figueiredo (BE).

O deputado Paulo Moniz (PSD) sublinhou que “estes 2.500 imigrantes que vivem nos Açores estão plenamente adaptados e integrados na sociedade. É justo que recebam naturalmente este subsídio de mobilidade”, deplorando a “injustiça”, que resulta numa “discriminação potencialmente inaceitável que é inconstitucional".

Para Illinois, o deputado Albino Ramos enfatizou a necessidade de garantir que a lei não discrimine ninguém. “Votar contra a proposta equivale a dizer que os residentes estão divididos numa primeira classe e numa segunda classe”, frisou. O PCP e o CDS-PP apoiam o fim da discriminação e alertam que as leis atuais excluem alguns estudantes do recebimento de subsídios”. com base na idade”.

O debate caracterizou-se por desvios ao tema da ordem do dia, merecedores da atenção do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Blanco.

A intervenção do deputado açoriano Miguel Arruda (Chega) levou Marina Gonçalves (PS) a pedir que o desvio da ordem do dia fosse apreciado na reunião de líderes, pedido assinado por Aguiar-Branco e apoiado pelo BE. Ele ressaltou que “chamei repetidamente a atenção para o uso anormal de números de membros” e pedi a todos os representantes que conduzissem um “exame de consciência”.

A intervenção de Aguiar-Blanco foi criticada pelo líder parlamentar de Chiga, Pedro Pinto, que a considerou um “constrangimento ao discurso político” e prometeu “continuar a desviar-se”, quer atraia a atenção ou não.

“Não se tratava de liberdade de expressão, tratava-se das regras do dia: regras que diziam que não podíamos desviar-nos do tema que estávamos a discutir”, recordou Aguiar-Blanco, um autoproclamado “defensor da liberdade de expressão”.

Plataforma de reembolso lançada este ano

Em outubro de 2024, o Governo da República anunciou que a tarifa máxima prevista no subsídio de mobilidade social para transferências entre os Açores e o continente será reduzida para 119 euros. O preço atual é de 134€ (ida e volta), mas deverá pagar primeiro o preço de venda no momento da compra.

Isso ocorre após a decisão do Governo da República, em setembro, de limitar em 600 reais o reembolso de viagens aéreas ao continente africano, o que gerou polêmica na região – até então, os moradores podiam receber 134 reais independentemente do preço da aeronave. Qualquer valor acima é reembolsado. Ingressos. Após a alteração, se o preço de venda da viagem for superior a 600 euros, o passageiro terá de pagar o valor acima deste limite além de 134 euros.

Crie uma plataforma on-line O governo da República anunciou também em setembro que iria acelerar o pagamento de subsídios às regiões autónomas.

Em resposta à agência Lusa este mês, o Ministério das Infraestruturas disse esperar implementar as novas regras “o mais rapidamente possível”, mas não indicou uma data efetiva para os cortes anunciados e reiterou a intenção de implementá-los “este ano”. .