azotoNa terça-feira, durante uma audição na Comissão Parlamentar de Economia, Obras Públicas e Habitação da Assembleia da República, a pedido do Chega, o diretor da Sevenair, Carlos Amado, disse que ainda não há data para a retoma dos serviços regionais e que os atrasos na os pagamentos estatais forçaram a empresa a um estado de "demissões".
“Atualmente, estamos encerrados há quase quatro meses, o que é sem dúvida muito prejudicial para a empresa e para as zonas afetadas (…) Quanto mais tempo demorar, mais difícil será reiniciar (…) Posso dizer-vos. mais, perdemos alguns funcionários.
No entanto, o governo reembolsou cerca de metade da dívida da empresa, ou cerca de 3,8 milhões de euros, enquanto a Sevenair deve reservar mais de 600 mil euros como contrato de garantia bancária necessária para assinar a nova concessão, que permanece pendente.
"Como vamos fazer? Temos outra ligação aérea e estamos à procura de outros serviços. Já não é surpresa, estamos cientes da situação. Não podemos continuar a contar com esta linha (Bragança-Portimão). Até participámos em outra convocatória regional dentro da Europa, mas no exterior e estamos aguardando os resultados.
A ligação Bragança/Villarreal/Viseu/Cascais/Portimão foi interrompida no dia 30 de setembro, encerrando o último ajustamento direto enquanto se aguarda o resultado do concurso público internacional para atribuição de mais quatro anos de franquia. Antes disso, em fevereiro, o número de voos diários havia sido reduzido.
Foi nesse mês que a companhia aérea anunciou que iria parar o transporte até pagar o valor que tinha a receber do Estado por se encontrar numa situação de “gargalo financeiro”.
Desde o início da concessão até à cessação dos serviços, houve dois ajustamentos diretos, primeiro com o governo socialista e depois com o atual governo liderado por Luís Montenegro.
Os resultados do concurso geral serão divulgados no final de 2024, sendo o único concorrente Sevenair, que presta o serviço desde 2009, escolhido para continuar a operar nos próximos quatro anos.
O governo anunciou no dia 21 de dezembro que o processo de contratação foi concluído e o novo contrato foi assinado.
“Depois do leilão, o serviço foi adjudicado à Sevenair, os compromissos financeiros foram cumpridos e as obrigações contratuais da Sevenair com o Estado foram reafirmadas, os serviços públicos prestados pela ligação podem voltar a ser integralmente restabelecidos”, informa o Ministério da Saúde. Infraestruturas e Habitação, considera que foi uma “conquista processual do poder executivo que permitiu o restabelecimento dos serviços públicos”.
Sergio Leer revelou à Lusa que o novo contrato “aumenta significativamente” o valor pago pelo Estado em cerca de 3 milhões de euros, totalizando 13,5 milhões de euros nos próximos quatro anos.
No entanto, o Tribunal de Contas recusou o visto e concluiu que o contrato precisava de ser revisto, levantando questões sobre as datas constantes do documento.
“A data de início mantém-se a indicada na notificação, que é 1 de outubro de 2024. Obviamente, não iniciámos aí as operações. É mais ou menos normal que o Tribunal de Contas mencione este aspecto, tanto mais que, tendo em conta..) O contrato vai durar até 2029 e deve haver espaço orçamental nesse ano”, explicou Sérgio Leal, acrescentando não ter qualquer justificação para o sucedido.
O contrato terá de ser reformulado e assinado novamente para ser colocado em conformidade, o que atrasará o restabelecimento da ligação aérea regional.
"(...) Essas áreas, se não tiverem serviços, vão procurar alternativas, por piores que sejam. Claro que nesse sentido, recomeçar, provavelmente vai ser um começo mais difícil para que tenhamos uma ocupação viável, é esta a realidade que temos de enfrentar”, ponderou Sérgio Leal.
A taxa de ocupação de passageiros em 2023 regressou aos níveis pré-pandemia e manteve-se em 65% em 2019, transportando 13.000 passageiros anualmente.
“Queremos recuperar deste período de estagnação, que tem um custo, se forem estes quatro meses, (...) um ano não é suficiente. Infelizmente estaremos a lutar contra a maré nos próximos anos, mesmo que o a linha já está restaurada”, observou Sérgio Leal.
A Lusa contactou o Ministério das Infraestruturas e Habitação e aguarda resposta.
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