Sem glúten: faz bem ou faz mal à saúde? - Peso e nutrição

O glúten é a parte proteica dos grãos de trigo, centeio e cevada que confere à farinha viscoelasticidade suficiente para permitir que ela seja transformada em pão. O glúten não é uma proteína isolada, ou seja, é uma mistura de diversas proteínas (gliadinas e gluteninas), das quais as gliadinas constituem o componente causador de doenças em indivíduos geneticamente suscetíveis. As principais fontes de glúten são os alimentos de trigo (farelo de trigo, farinha de trigo, espelta), cevada, centeio, malte e levedura de cerveja. No entanto, alguns alimentos podem conter glúten em seus ingredientes.

Uma dieta sem glúten destina-se principalmente a pessoas com diagnóstico de doença celíaca, uma doença autoimune do intestino causada por uma sensibilidade permanente ao glúten. Porém, diagnosticar a doença não é fácil, pois além dos sintomas comuns de diarreia, vômito, dor abdominal, prisão de ventre, perda de apetite, etc., muitas outras manifestações da doença surgiram nos últimos anos. Desta forma, uma dieta livre de todo ou parte do glúten pode melhorar condições que apresentam os mesmos sintomas e não são diagnosticadas com doença celíaca, mas com alergia não celíaca ao glúten, síndrome do intestino irritável ou qualquer outra condição que envolva o mucosa intestinal.

Nestes casos, seguir uma dieta sem glúten pode ser um desafio, mas existem diversas alternativas como quinoa, arroz, farinha de tapioca, milho, batata, grão de bico, farinha de coco, farinha de amêndoa, etc. Há alguma controvérsia em torno da aveia.

Alguns estudos sugerem que a aveia contém glúten, embora em pequenas quantidades, mas outros estudos argumentam o contrário e sugerem que a aveia é segura para consumo. No entanto, a aveia é frequentemente cultivada nas mesmas terras que outros cereais, como o trigo ou o centeio, e processada nas mesmas máquinas, podendo ocorrer contaminação cruzada, o que significa que em Portugal a aveia é considerada um produto alimentar que contém glúten.

No entanto, os consumidores associam atualmente as alegações de “sem glúten” a uma alimentação saudável. Como resultado, as vendas de tais produtos nas grandes cadeias de distribuição alimentar aumentaram, tornando inevitavelmente as dietas sem glúten a “moda” de hoje. Para os consumidores que optam por uma dieta com restrição de glúten sem motivo médico, é importante lembrar:

Esta restrição aumenta o risco de deficiências nutricionais (como vitaminas, minerais e fibras encontradas em grãos integrais)

“Sem glúten” não significa que seja mais saudável, pois muitos desses produtos são ricos em gordura saturada, colesterol, sódio ou têm adição de açúcares.

A maioria das alternativas ao glúten são caras e não acessíveis a todos.

Essa dieta pode ter efeitos sociais e psicológicos negativos porque requer mais tempo, dinheiro e energia para preparar alimentos e refeições.

Portanto, podemos concluir que uma dieta sem glúten é interessante para quem sofre com algum tipo de desconforto gastrointestinal e precisa mudar a alimentação de forma terapêutica. Caso contrário, poderá trazer algumas desvantagens e danos à sua saúde. Portanto, se sentir sintomas relacionados à ingestão de alimentos que contenham glúten, procure ajuda de um especialista, como seu médico de família ou nutricionista.

Estas explicações são de Catarina Sofia Correia, nutricionista da Clínica Tejo Saúde que trabalha no ginásio Fitness Hut – Grupo Viva Gym.