Um ano depois, pela segunda temporada consecutiva, a praça do Marquês de Pombal voltou a ser verde e branca.
Há um ano, após a conquista do título de campeão nacional 23/24 (o seu segundo como treinador do Sporting), Ruben Amorim, por entre dúvidas sobre o seu futuro, pegou no microfone e, anunciando a sua continuidade em Alvalade, afirmou: "Diziam que só éramos campeões de 18 em 18 anos, que só ganhámos porque não tínhamos público, e agora dizem que jamais seremos bicampeões outra vez… vamos ver", disse, antes de fazer aquele famoso 'mic drop'.
Avancemos um ano no tempo. O Marquês de Pombal está novamente pintado de verde e branco. As músicas que se ouvem são novamente as do Sporting. Os leões sagraram-se mesmo bicampeões. O repto do 'vamos ver' de Amorim concretizou-se mesmo. Só que o palco já não foi dele.
Ainda o jogo do Sporting em Alvalade não tinha acabado, já a praça do Marquês estava bem pintada de cores verdes. Houve quem para lá fosse ainda de manhã, como uma jovem confidenciou ao SAPO Desporto quando já passava da meia-noite. Esteve mais de 12 horas à espera dos jogadores.
Antes do autocarro que transportou até ao Marquês os heróis leoninos, houve tempo para muitos cânticos, ao ritmo das músicas que ao longo da época se foram ouvindo em Alvalade, desde os inevitáveis "Toda a gente sabe que eu vou", ou "Mágico Sporting" até ao mais recente "Meu Amor é verde e branco" com a melodia da Canção do Engate, de António Variações, sem esquecer o "Tu vais vencer".
Músicas entoadas em plenos pulmões por milhares e milhares de adeptos que inundavam aquela zona da capital. E até houve tempo para, mesmo com o avançado a jogar agora no México, recordar o Paulinho e a música que lhe era dedicada: "E se o Paulinho mostra os dentes..."
Mas o que os adeptos queriam mesmo era ver os seus heróis em palco. O autocarro de céu aberto saiu de Alvalade com jogadores e equipa técnica já passava das 23h30. E demorou cerca de duas horas a completar o trajeto até à praça do Marquês de Pombal.
A chegada, clara, foi apoteótica. Um a um, os jogadores foram sendo chamados para subir ao palco, por ordem do número das camisolas, alguns deles levando consigo uma bola verde para atirar para a multidão. Entre os mais animados, Pedro Gonçalves, e entre os mais aplaudidos, claro, Viktor Gyokeres.
Mas a alegria estampada no rosto e a boa-disposição era patente em todos, desde jogadores a staff técnico. Os últimos a subirem ao palco foram o capitão Hjulmand, o treinador Rui Borges e o sempre carismático Paulinho. Hjulmand trouxe consigo o troféu de campeão, que exibiu aos adeptos com pompa e circunstância e que vários colegas também quiseram erguer para os adeptos verem.
Foi, depois, altura do arrepiante "O Mundo Sabe que" se ouvir a plenos pulmões, quer em palco, cantado pelos jogadores, quer na rua, pelos adeptos, de cachecol bem aberto, ao que se seguiu o - inevitável nestas alturas - We Are The Champions, com foguetes em fundo.
Fim de festa? longe disso! Faltavam os discursos e mais momentos bem dispostos.
Gyokeres mostrou que para além de marcar golos, também já sabe fazer rimas em português e ajustou um célebre ditado popular: "Em abril, águas mil. Em maio, eu vou dançar com o Esgaio"
Mais sério, Hjulmand - também na nossa língua- sublinhou os feitos da equipa: "Esta foi uma equipa que ganhou um campeonato com três treinadores. Só nós, só nós! Eu tenho 25 anos. O Sporting não era bicampeão há 71. Bicampeões!", disse, antes de iniciar o cântico 'eu quero o Sporting campeão'.
E não faltou mais um 'mic drop', em jeito de novo repto, desta feita vindo de Pedro Gonçalves, lembrando o tal discurso de há um ano do agora treinador do Man Utd: "Disseram que jamais seremos campeões com adeptos. Disseram que jamais seremos bicampeões sem o Amorim. Dizem que jamais seremos tricampeões sem o Viktor (Gyokeres)...Vamos ver!", gritou, perante os aplausos dos adeptos, antes de largar o micro tal como Ruben Amorim havia feito há um ano.
E, sempre bem disposto, Pedro Gonçalves ainda protagonizou mais outro momento alto da noite, a meias com o treinador Rui Borges, numa alfinetada à comentadora Sofia Oliveira, que há não muito tempo acusou o técnico leonino de fazer 'conversa de taberna'. Enquanto Rui Borges agradecia aos adeptos, Pote interrompeu e disse "O c****** do campeão da tasca". Borges aproveitou a deixa e prosseguiu com os agradecimentos: "Obrigado, e agora vamos todos festejar para a Taberna. BICAMPEÕES!".
E são-no mesmo, como Ruben Amorim tinha vaticinado há um ano...mesmo sem Ruben Amorim ao leme. Motivos, pois, não faltaram para festejar, numa festa que só acabou já depois das 3h da manhã.