CAlos Cortes respondia a perguntas do Conselho de Saúde, que ouviu a pedido do Chega, sobre “mortalidade fetal e infantil e questões de acesso aos serviços nacionais de saúde”.
“O acesso aos serviços pode ser feito de diversas formas e é evidente que há escassez de médicos no Serviço Nacional de Saúde”, frisou, manifestando preocupação com a falta de planos para atrair profissionais.
“Está tudo planejado, mas o SNS não tem um plano real de atratividade. Estou muito preocupado com o que aconteceu recentemente, onde os médicos nem estão escolhendo vagas de especialidade, os médicos estão saindo do SUS”, declarou.
O presidente disse que há muitos médicos nos hospitais do Sul: “Temos mais médicos, mas como se faz hoje, a medicina é mais exigente e exige mais recursos, ou seja, mão de obra, e o que eu quero ver são políticas reais que incentivar a contratação de médicos, especificamente, neste caso, clínicos gerais, médicos de família e obstetras e ginecologistas”.
José Furtado, presidente do Colégio de Obstetras e Ginecologistas, que esteve presente na audiência, disse que os problemas de acesso ao SUS são “comuns nos centros de saúde e nos hospitais”, citando a escassez de médicos e a “falta de organização dos serviços”. como os motivos.
“A acessibilidade consegue-se através de serviços funcionais e não através de serviços fechados (…) mesmo que a sua actividade seja reduzida”, desde que seja garantida a segurança dos profissionais e utentes.
Ele enfatizou: “Se estiver fechado, não será possível que (os pacientes) recebam tratamento. O acesso é proibido. Portanto, temos que considerar essa situação de fechamento com muito cuidado e o colégio é muito sensível a isso”.
Referindo-se ao serviço SNS Grávida (808242424), o especialista disse que o seu objetivo é regular a acessibilidade.
“Se as pessoas olharem atentamente para a maternidade SUS 24, elas realmente entendem que enviar ou transferir pacientes para uma área mais adequada para o seu atendimento, elas percebem que não se trata de negar o acesso dos pacientes, mas de tentar encaminhá-los para o local mais adequado .”, ele insistiu.
Enquanto diretor dos serviços de obstetrícia e ginecologia do Hospital de Guimarães, disse que vendo as estatísticas dos pacientes que vão todos os dias às urgências e constatando que 50, 60, 70, 80 por cento dos utentes usam este medicamento, “é triste”. " e preparar “médicos e enfermeiros para emergências, liberando tempo para lidar com situações em que muitos deles nem deveriam estar no hospital”.
José Furtado destacou ainda que mais de metade dos partos em Lisboa já acontecem em hospitais privados, destacando mais uma vez a importância da organização.
“Quando os profissionais passam do SNS para os hospitais privados não é só a componente salarial que está em causa, eles têm uma melhor organização dos serviços, então isso tem um impacto enorme na escolha dos profissionais”, destaca.
Ele acredita que é necessário focar nos hospitais privados, pois representam “uma parcela significativa do acesso aos cuidados de saúde”.
“Temos que olhar para o sistema. Primeiro, tentar criar condições para reter os profissionais no SNS, e isso é através dos salários e dos benefícios, mas também através da organização. leva ao profissionalismo. Há um fluxo de pessoas de um lado para o outro e isso não é bom”, acrescentou.
Leia também: Associação de médicos critica ‘condições desumanas de espera’ nas urgências