Os combates entre o exército congolês e o grupo rebelde apoiado pelo Ruanda, o Movimento 23 de Março (M23), estão a decorrer à porta de Goma, capital da província do Kivu do Norte, onde vivem um milhão de residentes e pelo menos o mesmo número de pessoas deslocadas.
Guterres reconheceu “profunda preocupação com a escalada de violência” e apelou “às Forças de Defesa do Ruanda para cessarem o apoio ao movimento M23 e retirarem as suas tropas do território da República Democrática do Congo”, segundo um comunicado do seu gabinete.
Até agora, o chefe da ONU referiu-se às conclusões de um relatório histórico elaborado por especialistas da ONU que destacou o papel de Kigali ao lado do grupo rebelde M23 envolvido na luta contra as forças congolesas no leste do país.
No entanto, até hoje, Guterres nunca pediu explicitamente às tropas ruandesas que cessassem o apoio e se retirassem, um apelo que faz agora face aos sinais de uma escalada do conflito.
Um ataque bombista matou hoje pelo menos 10 pessoas, incluindo mulheres e crianças, num campo de refugiados na República Democrática do Congo, onde o conflito se intensificou nos últimos dias.
Imagens publicadas nas redes sociais dos campos, que acolhem milhares de pessoas deslocadas pelo conflito, mostraram tendas destruídas, pertences pessoais espalhados e sobreviventes aterrorizados.
O secretário de Relações Exteriores britânico, David Lamy, também estava “profundamente preocupado” com a situação na região.
“Estou profundamente preocupado com os ataques em Goma, que resultaram no deslocamento em massa de civis e na perda de vidas de forças de manutenção da paz da ONU”, escreveu Lamy no site de mídia social X.
A Grã-Bretanha juntou-se aos Estados Unidos e à França ao pedir aos seus cidadãos que deixassem a cidade de Goma na noite de sexta-feira.
Uma reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas inicialmente marcada para sexta-feira foi adiada para hoje.
Os confrontos entre o movimento M23, apoiado por 3.000 a 4.000 soldados ruandeses, e o exército congolês duram mais de três anos, segundo as Nações Unidas.
A República Democrática do Congo acusa o Ruanda de querer confiscar as riquezas do leste do Congo, acusação que Kigali nega.