Miranda Sarmento vê aceleração da economia e reitera previsão do PIB |

Encorajado pelo que considerou serem sinais positivos para a economia de Portugal no final do ano passado, o ministro das Finanças manteve na quarta-feira as previsões do governo para o crescimento do produto interno bruto em 2025 e um orçamento equilibrado.

Joaquim Miranda Sarmento revelou durante uma audição na Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República estar optimista quanto à evolução futura apesar da “enorme incerteza” na economia mundial. A sua confiança na economia nacional baseia-se no facto de “já serem conhecidos alguns indicadores no quarto trimestre de que a actividade económica está a acelerar”.

No segundo e terceiro trimestres do ano passado, a variação do PIB da economia portuguesa foi quase nula. Para o quarto trimestre ainda não existem dados oficiais disponíveis (o Gabinete de Estatísticas Nacionais apenas forneceu uma primeira estimativa rápida no final de Janeiro), mas o ministro das Finanças destacou a informação dos indicadores de alto nível da actividade e do consumo, que mostram "Boa aceleração económica. "

Miranda Sarmento disse que estes sinais foram enviados no final de 2024, Dar “A previsão de crescimento econômico para 2025 é mais robusta”, com variação do PIB de 2,1% para o governo. O ministro reiterou ainda que a administração pretende atingir um excedente de 0,4% do PIB em 2024 e de 0,3% em 2025 num equilíbrio das finanças públicas.

Representantes dos partidos da oposição presentes na audiência, especialmente do Partido Socialista, alertaram que o crescimento de 2,1% previsto pelo governo não só foi inferior à meta de 2,5% fixada pela AD durante a campanha eleitoral, como também não ultrapassou o crescimento taxa registada todos os anos pela economia portuguesa desde 2016, exceto 2020 (ano mais afetado pela pandemia de covid-19).

Neste sentido, Miranda Sarmento abriu a porta para que o resultado para 2025 pudesse ser mais favorável do que os 2,1% previstos, lembrando que a Comissão de Finanças Públicas afirma atualmente que a probabilidade de variação do PIB este ano é de 2,4%, mas diferenças na situação externa e política foram dadas como explicações para um possível desempenho mais negativo da economia no curto prazo.

"O ambiente económico é muito diferente. A política monetária com taxa de juro zero criou condições mais favoráveis ​​no passado. Não há comparação entre períodos. Atualmente, enfrentamos enormes incertezas", disse o ministro. Queixou-se também de que as medidas aprovadas pela oposição privaram o governo de espaço para implementar as suas próprias medidas. “Se nos deixarem completar os nossos planos, o que não será fácil, a economia portuguesa tem capacidade para começar a crescer mais do que nos anos anteriores, com um crescimento próximo dos 3%”, afirmou.

ITBI não impacta preços

Durante a audiência, o ministro das Finanças foi questionado sobre algumas das medidas fiscais tomadas pelo governo. A oposição culpou a decisão da administração de introduzir isenções de IMT para jovens com menos de 35 anos, levando a um aumento da procura que levou ao terceiro trimestre Os preços de venda de casas aceleraram.

Para Miranda Sarmento, porém, não há indícios de que as medidas tomadas sejam a causa do aumento dos preços. "Não tenho conhecimento de quaisquer estudos que demonstrem uma ligação causal entre esta medida e o aumento dos preços das casas", disse, lembrando que os aumentos de preços ocorrem "há 30 ou 40 trimestres" e que é impossível "dizer com apenas um um quarto dos dados pode ser tirado”.

O ministro revelou que 16 mil jovens foram beneficiados com isenções desde a implementação da medida, o que representa uma perda de renda de R$ 62 milhões. O preço médio de uma casa comprada com esse benefício é de R$ 187 mil.

“Sem esta medida, temos a certeza de que muitos destes 16 mil jovens não teriam adquirido casa, ou teriam feito esforços extras desnecessários”, afirmou Miranda. Sarmento.

Vários representantes também criticaram o governo por aproveitar a redução de 3 cêntimos por litro no imposto sobre o carbono para aumentar no mesmo valor o valor dos encargos do ISP, que o governo anterior tinha reduzido nesta fase. Entre eles, os preços dos combustíveis são os mais elevados.

Miranda Sarmento justificou esta decisão com as exigências feitas pelas autoridades europeias sobre o assunto. “A única alteração que a UE fez quando reviu o plano de médio prazo de Portugal foi que estas medidas (a redução do ISP e o congelamento do imposto sobre o carbono) tinham de ser retiradas. ISP”, explicou ele.