A miosite é uma doença rara caracterizada por inflamação dos músculos, causando fraqueza muscular grave, dores musculares e fadiga muscular. Raramente, também pode ocorrer inchaço muscular, especialmente nos estágios iniciais da doença. Os sintomas musculares da miosite geralmente se desenvolvem gradualmente, afetando principalmente os músculos próximos ao tronco, como os ombros e os músculos da coxa. Como resultado, as pessoas com miosite podem ter dificuldade em realizar tarefas diárias, como subir escadas, tomar banho, colocar comida na boca ou pentear o cabelo. Esta forma de doença reumática ocorre quando o nosso sistema imunitário ataca erroneamente os nossos próprios músculos, fazendo com que sejam gradualmente destruídos. Embora possa afetar pessoas de qualquer idade, incluindo crianças, afeta mais comumente mulheres entre 40 e 60 anos.
Os principais tipos de miosite incluem dermatomiosite, miosite necrosante, polimiosite e doenças menos familiares, como a síndrome antissintetase. Independentemente do seu subtipo, a miosite geralmente afeta vários grupos musculares. A dermatomiosite também é acompanhada por alterações cutâneas muito típicas, como manchas vermelhas ou roxas ao redor dos olhos e manchas vermelhas e escamosas nas articulações das mãos. A vermelhidão também pode ocorrer no rosto, couro cabeludo, tórax, costas, laterais das coxas e até mesmo em toda a pele, que costuma causar coceira e, mais raramente, dor, e pode causar feridas abertas que podem levar à infecção.
Além disso, pode haver dor e inchaço nas articulações (como pequenas articulações nos pulsos e mãos), falta de ar, tosse e fadiga aos esforços (devido à inflamação dos pulmões ou do coração causada pela doença) ou dificuldade para engolir, especialmente líquidos e muitas vezes ocorre asfixia.
O diagnóstico da miosite é complexo e requer a experiência de um reumatologista, pois pode ser confundido com muitas outras doenças reumáticas. O diagnóstico é baseado no que o paciente transmite e na observação detalhada do paciente pelo reumatologista, além de uma série de exames complementares solicitados pelo reumatologista. Isso pode incluir exames de sangue, eletromiografia, ressonância magnética muscular ou biópsia muscular. Se o diagnóstico for confirmado, podem ser necessários exames adicionais, como tomografia computadorizada, testes funcionais respiratórios, ecocardiografia, eletrocardiografia, endoscopia capilar ou radiografia.
O tratamento da miosite é individualizado para cada paciente e tem como objetivo controlar a inflamação, aliviar os sintomas e prevenir complicações da doença. O tratamento geralmente envolve o uso de corticosteróides (medicamentos da família da cortisona) como terapia de primeira linha, muitas vezes em combinação com outros medicamentos que regulam a hiperatividade do sistema imunológico do paciente. Em alguns casos, pode ser necessário recorrer a medicamentos intravenosos. Além disso, a fisioterapia e o exercício regular desempenham um papel vital na restauração e manutenção da força muscular. É importante ressaltar que embora a miosite seja uma doença crônica e sem cura, com tratamento adequado e acompanhamento regular por um reumatologista, muitos pacientes conseguem controlar os sintomas e manter uma boa qualidade de vida.
Nos últimos anos, a pesquisa no campo da miosite fez progressos significativos. Estes avanços, alcançados com o envolvimento de investigadores reumatologistas portugueses, abrem caminho para tratamentos cada vez mais personalizados e eficazes, trazendo esperança aos pacientes afetados por estas complexas doenças reumáticas.
Artigo do Dr. Eduardo Dourado, reumatologista da Sociedade Brasileira de Reumatologia.