A utilização de lã de ovelha milanesa para isolamento de abrigos em campos de refugiados foi um dos projetos apresentados na Semana de Inovação e Desafios do Instituto Politécnico de Miranda Bragança, no Douro Miranda.
Carlismar Guedes, estudante de engenharia de tecnologia animal do Brasil, apresentou este trabalho baseado na utilização da lã da ovelha Churra Mirandesa, espécie de ovelha indígena da região, como isolamento natural para refugiados ou abrigos. Pessoas deslocadas em situações de desastre ou guerra.
“Estamos desenvolvendo soluções para o aproveitamento da lã, trazendo inovação para a falta de aproveitamento desse produto, que não tem benefícios comerciais, mas tem grande potencial. A lã ainda é desperdício e é jogada fora. O produto é uma solução para utilização como isolamento em abrigos para deslocados porque é fácil de transportar”, explicou o aluno da Escola Superior Agrária de Bragança.
Segundo os alunos, a lã é orgânica e também pode ser utilizada como material de isolamento acústico, mas é o aspecto humanitário que mais se destaca.
“Uma vez que os deslocados e refugiados são alojados em tendas de lona, a lã pode ser usada como isolamento ou até mesmo lançada de avião para áreas mais remotas ou de difícil acesso para deixar as pessoas mais confortáveis. Algo que acaba virando desperdício Kalismar · Guedes enfatizou: "Sobre a responsabilidade humanitária."
Quem levantou a sobrancelha foi Andrea Cortinhas, secretária técnica da Associação Ovina Churra Mirandesa, que elogiou o interesse em dar um destino a um produto que é negligenciado porque não tem escoamento e normalmente precisa de ser enterrado, o que cria terrenos agrícolas inúteis.
“Este é um projecto inovador e que pode ter futuro. Neste projecto a lã é utilizada naturalmente sem qualquer tratamento ou lavagem, o que é o mais caro”, disse o responsável.
Este projeto é um exemplo do trabalho de 19 estudantes do IPB de diferentes latitudes do mundo que se reuniram em Miranda do Douro para encontrar soluções para o desenvolvimento sustentável do Planalto Miranda, da pastorícia à cultura e língua.
Ao longo de uma semana, alunos de todas as escolas do IPB e 14 professores de Portugal, Espanha e Brasil utilizaram as instalações da Estação Tecnológica Animal de Marjadas como base de trabalho e a partir daqui visitaram diversas aldeias do Nordeste Transmontano. Encontrar respostas e soluções para aproveitar e divulgar todo o potencial desta região fronteiriça.
Esta área de trabalho assenta em projetos de inovação baseados em desafios e reúne equipas multidisciplinares de estudantes, professores e empresas que têm trabalhado na procura de soluções inovadoras para desafios específicos identificados pela Associação Regional Milanesa.