Inspetor nega revelar dados da ASAE em entrevista televisiva

"NNão fui eu quem conduziu a entrevista ao jornalista responsável pela reportagem”, afirmou o arguido perante um colectivo de juízes do tribunal de São João de Nuovo, no Porto, onde teve início o seu julgamento.

O arguido admitiu ter relatado “uma série de coisas” que aconteceram na ASAE, mas sempre através dos canais oficiais.

Ele acrescentou: “Nunca escondi que reclamei ao guardião”.

Segundo denúncias do Ministério da Saúde Pública (MP) em poder da Lusa, o inspetor acedeu à base de dados da ASAE sem qualquer justificação profissional e divulgou diversos conteúdos relevantes. Inspeções, dados sobre instituições econômicas fiscalizadas e e-mails de alerta do sistema.

“Além disso, ele tinha dois casos de infração administrativa que lhe foi confiado investigar. Quando seus superiores lhe pediram para devolvê-los, ele não apenas se recusou a devolvê-los, mas também os entregou a repórteres ou outras pessoas para identificação. ela", enfatizou.

Desta forma, noutra reportagem televisiva de 14 de fevereiro de 2019, estes processos foram apresentados publicamente como resultado de uma falha nos sistemas de segurança da ASAE, “minando a imagem pública e a confiança na agência e causando graves prejuízos à sua credibilidade”. danos", acrescentou.

Apesar de reconhecer que a repórter que realizou a reportagem televisiva o contactou por telefone e email, o arguido garantiu que nunca concordou com uma entrevista com ela em que a voz da entrevistada estivesse distorcida e na sombra.

“O diretor viu o ‘borrão’ no relatório e disse que era eu”, disse ele.

O arguido, que se descreveu como alguém considerado “desconfortável”, sublinhou que tinha “absoluta certeza” de que queriam prejudicá-lo, especialmente porque tinha apresentado ações de assédio ético contra outros inspetores.

O arguido disse ainda que a denúncia era contra a unidade de Barcelos, no distrito de Braga, com a qual não teve “nada a ver” enquanto trabalhava no Porto.

Além disso, o inspetor afirmou que não lhe foi atribuído portátil e não dispunha de VPN, pelo que apenas utilizou o computador nas instalações da ASAE.

O Ministério Público (MP) pediu a contenção do arguido depois de este ter sido acusado de roubo de documentos por funcionário público, aquisição ilícita e quebra de sigilo.

O MP pediu ainda uma indemnização de “não inferior” a 25 mil euros pelos prejuízos causados ​​pela ASAE.

LEIA TAMBÉM: Deputados pedem que estuprador de Cuiabá seja condenado a pena quase máxima