“Desde 2020 que a Inapa pede apoio público contra o acionista Parpública”, destacou pela primeira vez o gestor numa audição da Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública a pedido do Chega.
O antigo chefe da gestora da holding estatal, que foi demitido pelo governo juntamente com outros membros do governo em agosto de 2024, lembrou a complexa situação financeira que a empresa tinha reportado e uma queda de mercado de cerca de 20% nos últimos anos.
Nesse sentido, ele vê “um avanço maior para a empresa” com a expansão na Alemanha.
José Realinho de Matos observou: “O relatório (de contas) da Inapa relativo ao exercício de 2023 tem 26 páginas de riscos. Na verdade, a empresa está numa posição de dívida e de vários riscos”.
Durante a audiência, o responsável revelou ainda que a venda das ações da Parpública na Inapa “é considerada a nível nacional e discutida com algumas empresas do setor papeleiro”.
Em julho, a distribuidora de papel anunciou que iria declarar falência devido a uma “falta de tesouraria de curto prazo” de 12 milhões de euros na sua subsidiária alemã Inapa Deutschland GmbH, mas ainda não foi encontrada uma solução.
Num relatório enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no ano passado, a Parpública reportou uma imparidade da Inapa superior a 8,7 milhões de euros.
“A cotação das ações com referência a 31 de dezembro de 2023 ainda não reflete as expectativas de perdas dos investidores, o que confirma a necessidade de reforço da imparidade relativa à participação da Parpública na Inapa Equity IPG”, refere a entidade.
Além disso, as contas da Parpública mostram que o custo de aquisição das ações da empresa rondou os 19 milhões de euros, com um valor contabilístico “zero”.
A Inapa apresentou em julho um pedido de falência no Tribunal Comercial do Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa Ocidental, o qual foi comunicado à CMVM.
“A situação de insolvência da Inapa IPG foi desencadeada por uma insuficiência de tesouraria de curto prazo de 12 milhões de euros na sua subsidiária Inapa Deutschland GmbH, para a qual não foi encontrada solução de financiamento até 22 de julho (prazo previsto na lei alemã), segundo um relatório publicado naquele dia Isto levou à falência da Inapa Deutschland naquele dia, afirma o comunicado.
Em agosto, o Ministério das Finanças exonerou o governo Parpública liderado por José Realinho de Matos e escolheu Joaquim Cadete para assumir.
As razões para a mudança foram a posição do governo de adoptar uma resposta mais preventiva e a falta de fornecimento atempado de informações ao ministério, informou o Business Day.
O pedido do Chega prevê ainda audições do antigo presidente da Inapa, Frederico Lupi, e do actual ministro das Finanças, João Silva Lopes.