Governo da Madeira discorda de opinião judicial sobre zonas francas

"NNão concordamos, e temos razões para continuar a discordar da decisão da Comissão (Europeia), porque uma das circunstâncias absurdas é considerar que as empresas que operam no mercado internacional devem localizar os seus empregos na Madeira”, afirmou.

Miguel Albuquerque, em declarações aos jornalistas durante uma visita a uma empresa na zona franca do concelho de Mahico, considerou legal a posição da zona e por isso discordou da decisão do Tribunal de Justiça Europeu da União (TJUE).

O Tribunal de Justiça da União Europeia negou hoje provimento ao recurso interposto pela Comunidade Autónoma da Madeira contra uma decisão do Tribunal Geral que concluiu que o regime de ajudas das zonas francas violava as regras da concorrência.

Na sua decisão, o Tribunal de Justiça Europeu negou provimento ao recurso contra uma decisão de 2023 do Tribunal Geral da UE que confirmou a decisão da Comissão Europeia sobre a liberdade de ajuda para entrar ilegalmente na Madeira, considerando os fundamentos levantados pela região como "inadmissíveis e infundados". ". Questões da Zona Comercial (ZFM).

O problema reside no Regime III da ZFM, que foi alvo de uma investigação iniciada pela agência europeia em 2018, tendo o órgão executivo comunitário concluído em 2020 que Portugal violou a legislação europeia, nomeadamente as Regras de Concorrência de Grupos Políticos e Económicos, com a ajuda implementado no plano do arquipélago.

O regime da ZFM traduz-se numa redução do imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas sobre os lucros provenientes de actividades efectiva e substantivamente exercidas na Madeira (3% de 2007 a 2009, 4% de 2010 a 2012 e 4% de 2013 a 2020 5%), isenção de impostos municipais e locais, e isenção de imposto sobre a transmissão de bens imóveis para efeitos de constituição de empresa.

Em 2020, a Comissão Europeia concluiu que o terceiro regime de redução do IRC implementado entre 2007 e 2013 violava a decisão de Bruxelas e destacou que o valor a recuperar por Portugal foi estimado em cerca de mil milhões de euros.

Uma das irregularidades citadas pela UE diz respeito ao facto de as empresas receberem benefícios fiscais, apesar de não serem criados empregos na região.

Miguel Albuquerque classificou a decisão como “sem sentido”.

“O Centro Internacional de Negócios (também conhecido como Zona Franca) existe para contribuir para a internacionalização da economia madeirense”, explica.

Por isso, acrescentou, “não faz sentido pedir aos trabalhadores que fiquem estacionados na Madeira enquanto a empresa faz negócios em todo o mundo”.

Miguel Albuquerque disse que o poder executivo irá agora analisar a decisão do tribunal da UE, mas não deu qualquer indicação sobre o tipo de resposta que pretende.

O Centro Internacional de Negócios da Madeira conta com mais de 2.400 empresas registadas, proporciona cerca de 6.000 oportunidades de emprego diretas e indiretas, é responsável por 82% das exportações da região e gera anualmente cerca de 100 milhões de euros em receitas fiscais.

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