Para Leandro Campos, presidente da União das Dioceses de Cabeseras de Basto Refujos de Basto, Otero e Panzera, a restauração destas três dioceses é algo que ainda necessita para cumprir as promessas eleitorais.
“Esta é a primeira proposta eleitoral”, disse o socialista no final do seu mandato. Ele admite que ficou surpreso quando concorreu pela primeira vez contra a junta em 2013.
“Quando a apliquei, foi para Refojos. Poucos meses depois, foi introduzida a ‘Lei Lelvas’ e as três dioceses foram fundidas”, disse. Doze anos depois, ele percebe que “é muito”. «É realmente complexo chegar a todos os locais das três freguesias. É uma sobrecarga, mas uma sobrecarga enorme», frisou. “Acho que cada um tem que limpar a própria casa”, argumentou.
Leandro Campos reclamou que, além da enorme carga de trabalho, o pacote financeiro era limitado e “não acompanhava as necessidades de toda a região”.
“O orçamento é muito pequeno e para chegar a três temos que angariar fundos”, disse o socialista, citando como exemplo o trabalho recente de Panzella.
“Construímos uma funerária que custou R$ 130 mil. Tivemos que mudar de um lado para o outro. Foi muito ruim porque as pessoas não gostaram. ele pensou.
Miguel Teixeira, presidente da Assembleia da União de Freguesias, alertou para uma possível desertificação nas zonas maioritariamente rurais do centro de Cabese de Basto e em zonas distantes das principais freguesias. Ele disse que isso foi o resultado de mais de uma década de agregação territorial.
“Nos últimos 12 anos, a população nos subúrbios diminuiu, mas a população na aldeia aumentou”, revelou um professor da escola secundária da aldeia.
“Os movimentos unidos nas áreas periféricas praticamente desapareceram nos últimos anos”. “Isso pode ser explicado sociologicamente”, acrescenta. “Porque quando se fecha uma entidade com autonomia política e administrativa, a população acaba por se deslocar para o centro. É isso que acontece”, explicou.
Miguel Teixeira falou de uma experiência que “não resultou”, que teve consequências duradouras e “dificuldades” encontradas na gestão quotidiana do maior sindicato de freguesias da cidade. A limpeza de estradas realizada pelas juntas de freguesia é um exemplo.
“Quando começámos a limpar a estrada em Refjos de Basto, na semana seguinte fomos para Otero e quando terminámos já tinha crescido erva na estrada que havíamos limpado oito dias antes”. “É muito complicado”, lamentou o presidente da Câmara Municipal, que criticou as reformas administrativas de 2013, que reduziram o número de freguesias a nível nacional para cerca de 1.100 devido à política da então troika.
“Outeiro, Painzela e Refojos de Basto são freguesias da Idade Média onde alguém em Lisboa usava uma régua e um esquadro para decidir de um momento para outro. Momento de adicionar estas freguesias o facto é que não funciona”, concluiu.
As populações estão divididas quanto ao possível fim dos ajuntamentos nas três freguesias.
Paula Vilela é uma das moradoras que reconhece as vantagens da divisão territorial. Apesar de residir na diocese de Reforjos de Basto, o professor reconheceu que algumas freguesias ficavam «muito distantes da sede do concelho». “Para essas pessoas, sim, é importante”, admite.
Para Cristóvão Teixeira, morador de Otero, estar “mais próximo” do presidente do conselho é positivo. “Acho que é bom porque as pessoas podem falar com mais frequência e de forma mais direta. O facto de (o presidente do conselho) ter de ser dividido em três significa que ele passa menos tempo no conselho”, observou.
Mas segundo pessoas como Maria Antônia e Helena Magalhães, a única diferença é mesmo o comprometimento do prefeito.
“Se ele for um bom presidente, não faz diferença”, disse Maria.
A ex-imigrante suíça Helena Magalhães garante que das três freguesias “basta uma”. "Conheço o presidente do conselho e ele pode fazer esse trabalho às três horas. São apenas mais dois contracheques e o dinheiro dos contribuintes, só isso."
“Vivi na Suíça durante vinte anos e cada cantão tinha um presidente”, disse Helena, acrescentando que para ela o problema era que “Portugal tinha demasiados políticos”.