À medida que o ano novo se aproxima, desejamos sempre um “Feliz Ano Novo”. Um parabéns cheio de expectativa, esperança e novidade, muitas vezes sem nenhuma mudança, exceto que um dia passa e outro chega. Ou ainda “ano novo, vida nova” onde tudo continua igual porque nada mudou. Desejar um “Feliz Ano Novo” ou preparar-se para um “Feliz Ano Novo” é diferente, sem recomendações claras e firmes de mudança, mais do mesmo.
Como refletimos sobre o tempo que passou? O que estamos realmente propondo mudar? Ficou para trás um “Ano Novo”, que envelheceu rapidamente em 12 meses e se transformou em um “Ano Velho”. Porém, nele sonhos e projetos se realizam, alguns chegam, alguns nascem e alguns vão embora. Existem desafios, frustrações, alegrias e decepções, novas descobertas, novas tensões, novas conquistas. Algumas crianças tornaram-se jovens, alguns jovens tornaram-se adultos e alguns mudaram as suas vidas, assumindo novas carreiras, novas missões, novos empregos e novos desafios. Mas numa vida de avançar e não voltar, outros caminhos aparecem. O que torna um ano verdadeiramente novo?
No ano que vivemos, celebramos o Jubileu da Esperança neste caminho contínuo. Um apelo para partilhar esperança nas famílias, escolas, alunos e professores para ser um lugar onde as empresas, colegas e líderes querem crescer nas comunidades e igrejas, para ser um elo de esperança e ajuda mútua na política; que servem no serviço público, são construtores de esperança no serviço, na justiça e nos valores.
Esta esperança, tal como a confiança, não é declarada, mas testemunhada e vivida, que é a realidade do ápice, do caminho, porque requer muitos outros valores, sinais, atitudes que a tenham precedência e a confirmem. Não é em vão nem um sinal de um futuro melhor, mas sim um sinal de que este caminho tem sentido e propósito. Não está isolada nem desligada da realidade, pois é, nas palavras de São Paulo aos Romanos, “uma esperança que não engana” porque sabe, conhece e reconhece onde estão as suas raízes. É em si sinal de vida, de fé, de amor, de serviço, de luz de caminho, de encorajamento no sofrimento e na dificuldade.
O Papa Francisco exorta-nos a tornarmo-nos peregrinos de esperança. A nossa missão como peregrinos nesta terra é administrá-la, cuidar dela, alimentá-la, guardá-la, não negligenciá-la ou abusar dela para nosso próprio benefício, mas usá-la da maneira correta para o bem comum, É um longo caminho e temos que pensar na beleza da criação, na beleza dos relacionamentos, na beleza de cuidar de tudo, na beleza do serviço.
Em última análise, o que tudo isto significa para o local de trabalho e especialmente para os líderes? Trata-se de ser um promotor da dignidade empresarial, agindo como agente do bem comum, atingindo os seus objetivos e não apenas olhando para além deste importante contexto para gerar lucros. Com o objetivo de criar valor e distribuí-lo de forma equitativa, contribuir para a construção de uma sociedade mais próspera, económica e socialmente desenvolvida (única forma sustentável de combater a instabilidade e a pobreza), e defender a dignidade da família como núcleo importante da sociedade, Respeitar todos com quem interagimos, trabalhamos em rede e colaboramos para alcançarmos melhores resultados juntos.
A esperança é algo que se projeta nos outros, é um amigo harmonioso que convive com a confiança, tanto agora como no futuro. É feito com intimidade, generosidade e serviço, e leva a resultados construtivos. Se o que tenho de melhor não se reflete nos outros, isso não é esperança. Não há nada de errado com isso.
João Pedro Tavares, Presidente da Associação de Empresários e Gestores Cristãos (ACEGE)