ENTREVISTA A BOLA «Recusar o Botafogo deu-me noites complicadas, mas em boa hora o fiz» 

Vasco Matos em entrevista a A BOLA após liderar o Santa Clara da subida de divisão até à Liga Conference 

No ano da subida à Liga, Vasco Matos liderou o Santa Clara a um sensacional 5.º lugar com direito a apuramento europeu. A meio da época deu uma nega ao campeão brasileiro e da Libertadores, mas não se arrepende.

- Começamos por algo que acho que resume a carreira do Vasco enquanto treinador. Em fevereiro, deu uma nega ao Botafogo, campeão brasileiro e Libertadores. Porque tomou essa decisão?  

- Houve o interesse do Botafogo, reuniões e uma proposta. Após analisar todos os dados, achei por bem continuar no Santa Clara. Achei que não era o momento de sair e era importante finalizar a época e acabar o excelente trabalho que todos estávamos a realizar. Foi uma decisão pensada, um bocadinho também em função daquilo que tem sido a minha carreira.  

- Dar um passo de cada vez. 

- Sim. Quis sempre fazer um trajeto sustentado, muito equilibrado, sem queimar etapas, e achei que naquele momento não era o momento para eu dar esse passo para o Botafogo. Quero sustentar a minha carreira e quero continuar a crescer. E, acima de tudo, finalizar duas épocas que têm sido excelentes. E em boa hora o fiz. Em boa hora o fiz! 

- Mas é fácil dizer que não a um gigante como o Botafogo? 

-  Claro que não, não vou dizer que foi fácil. Foram ali duas ou três noites complicadas, com momentos com as pessoas responsáveis, mesmo com a minha equipa técnica, de muitas conversas, para percebermos qual era o melhor passo para nós. Não foi fácil, obviamente. A questão financeira envolvida, obviamente, mexe connosco... Não foi nada fácil, mas não estou nada arrependido, acho que foi o passo certo e fortalece o que eu tenho vindo a construir ao longo destes anos. Comecei de baixo e quando te aparece um convite do Botafogo é sinal de que estás a fazer muita coisa bem. E isso dá-nos alento para o nosso futuro. E claro, quando o Botafogo aparece, é um motivo de orgulho.  

- Na altura renovou até 2027 com o Santa Clara. Duas semanas depois de acabar o campeonato, pode garantir a 100% que vai iniciar a temporada no clube? 

- Sim, tenho contrato, continuamos a fazer o planeamento. Sinceramente não é uma coisa que me perturbe muito. Estou muito feliz no Santa Clara, é um clube onde me sinto muito feliz. As pessoas também estão contentes com o meu trabalho. O presidente Bruno Vicintin, que me deu a oportunidade de assumir aquele projeto há dois anos, é alguém a quem sou muito agradecido. Por isso, não sinto a necessidade de sair para outros sítios. Agora, sabemos que no futebol o mercado está aberto. Mas não é algo que me preocupa, sou um treinador com os pés bem assentes, sei aquilo que quero construir, sei o caminho que quero percorrer e vou continuar a fazer desta forma equilibrada e sustentada. 

- Mas de olhos postos no futuro? 

- Sabemos que este é um caminho difícil e por isso tem de haver uma preparação muito grande e é isso que eu tenho vindo a fazer ao longo dos anos: preparar-me para novos desafios, para novas etapas, mas degrau a degrau. 

- O telefone tem tocado com convites? 

- Isso é uma coisa que eu não estou muito por dentro. Tenho as pessoas que tratam da minha vida.  Mas não é fácil trocar o clube onde estou. Não temos as melhores condições do mundo, mas estamos a crescer, e isso para mim é um motivo de orgulho e vale muito mais do que o dinheiro. E não tenham dúvidas que a proposta financeira do Botafogo não tem nada a ver com o que se pratica em Portugal. Mas não abdico de estar num clube onde me sinto realmente feliz, no qual as pessoas acreditam muito no nosso trabalho. Cada vez mais sentimos que somos uma bandeira dos Açores e dos nossos sócios e adeptos. Por isso é que digo, não é fácil trocar o Santa Clara por qualquer outro clube. 

- Chegou o Santa Clara e foi logo campeão da Liga2, depois conseguiu a melhor época da história do clube, com apuramento para a Liga Conferência. O clube está preparado para dar o passo para uma competição europeia?  

- Nunca sabemos. Temos umas conversas nesse sentido, sobre o planeamento, e acho que as pessoas estão bem conscientes dos desafios que aí vêm. Sinceramente, acho que vamos estar à altura.  

- O que será mais difícil nesta mudança de realidade? 

- Temos de ter a capacidade de gerir as expectativas de toda a gente, porque não há anos iguais no futebol. Com aquilo que foi feito este ano, o Santa Clara já é um clube establecido na Liga e temos que nos preparar muito bem, mas não vamos mudar nada da nossa operacionalização do dia-a-dia, do trabalho, e mesmo da construção do plantel. 

- É um grande passo. 

- Claro. Temos noção de que vamos competir e vamos representar o nosso país e temos de dar uma boa resposta. Acho que as pessoas estão conscientes de que vai ser um ano mais difícil. Mas também é um desafio para nós, se queremos andar e subir patamar, temos de nos preparar e de certeza que vêm desafios grandes. E acho que vamos dar uma boa resposta. 

- Há uma situação muito recorrente no futebol português: uma equipa de menor dimensão que vai às competições europeias, muitas vezes desce depois... 

- (interrompe, sorridente) Eu garanto-lhe que nós não vamos descer. Garanto-lhe já dizer que o do Santa Clara não vai descer na próxima época. Sabemos que é um ano difícil, vai ser duro, temos de nos preparar, mesmo na construção do plantel temos de ter alguma atenção para determinadas situações. As viagens ainda vão ser maiores, e em maior número e temos de ter isso em consideração. Esse desgaste físico e mental que provocam, mas tenho a certeza de que vamos dar boas respostas.  

Treinador do Santa Clara abre o livro

- Há a estabilidade necessária? 

- Sim. Temos um grande alinhamento interno, as pessoas estão a dotar o clube de condições. E acredito muito no meu trabalho, da minha equipa técnica, das pessoas envolvidas, porque o clube tem pessoas com muita capacidade. Porque isto que alcançámos em dois anos foi extraordinário e foi fruto do trabalho de muita gente, não foi só do Vasco, não foi só dos jogadores, foi toda a gente envolvida, desse alinhamento, dessa energia que se respira dentro do clube. E acredito que vamos continuar a ter sucesso. 

- O que considera fundamental para que esse grande salto em frente, que é a participação numa competição europeia, de um clube de média dimensão como o Santa Clara, não represente depois um recuo?  

- O planeamento da época tem de ser muito bem feito. Temos de ter em consideração o número de jogadores; não fugindo do que tem sido o nosso caminho, temos de procurar alguma coisa diferente no nosso plantel. Não fugindo também à questão orçamental, porque não somos um clube com as possibilidades de outros clubes. Temos de ir à procura, ser muito criteriosos no recrutamento, e isso é uma coisa à qual dou muita importância.  Grande parte do sucesso da época está nesta fase inicial, na perceção das nossas necessidades e do que vamos acrescentar. Quem vem, tem de trazer muita qualidade, não só futbolística, mas em tudo o que envolve o nosso dia-a-dia.  E depois perceber que temos de saber gerir expectativas, porque muitas vezes o inimigo não está fora, o inimigo está dentro, e nós não queremos criar esse inimigo. Se calhar, vamos passar por momentos mais difíceis, mas temos de saber ultrapassar isso de forma muito consciente e muito equilibrada. 

- O que é isso de o inimigo estar dentro do clube?  

- Por vezes podemos criar expectativas que não são condizentes com o nosso valor. Eu tenho sempre esse cuidado. Temos de ser muito equilibrados, não querer dar passos maiores do que a perna. Ainda há um ano estávamos na Liga2 e agora estamos na Liga Conferência. Temos de sustentar as coisas de forma equilibrada, crescer, e internamente não gerarmos demasiadas expectativas. Isto é um caminho difícil, é o progresso, e o progresso demora algum tempo, não se faz de um dia para o outro. Temos de trabalhar com muita humildade sem olhar mais à frente. Porque se não conseguimos travar esse ímpeto, podemos estar a criar situações que não nos ajudam, e no nosso contexto nós temos de ter muita atenção a isso.  

- Vários jogadores importantes renovaram com o Santa Clara. Isso é um bom sinal?  

- Em função do que fizemos, há jogadores que são muito apetecíveis no mercado. E esse também foi  o nosso trabalho de valorização dos ativos. Agora, temos de ver o que o mercado dita em função de possíveis vendas, que o Santa Clara vai fazer, certamente. Pela qualidade dos jogadores e por aquilo que fizeram. E depois é preciso capacidade de dar resposta às saídas, para poderem entrar jogadores. Mas temos as coisas alinhadas, o trabalho de casa está feito. Não nos podemos precipitar, temos de fazer as escolhas muito acertadas, porque já temos uma base boa, que vem já de há dois anos, e temos de ser muito criteriosos nos jogadores que vão entrar. 

- O que é importante nesta fase? 

- Eu gosto de retirar muitas informações, falar até muitas vezes com os jogadores para perceber quais são as motivações deles. Porque nós não somos um um clube normal, estamos numa ilha e há uma série de fatores para os quais os jogadores têm de estar preparados.  

 - Olhando para o plantel do Santa Clara na Liga 2 e para o que conseguiu o 5.º lugar na Liga, vemos muitas semelhanças. Isso mostra que a qualidade não tem divisão e que as ideias são o mais importante? 

- Eu acredito muito nisso e deixa-me muito orgulhoso. Quando cheguei, ninguém acreditava naqueles jogadores que tinham descido de divisão, (diziam que) poucos prestavam. Depois fomos buscar alguns jogadores à segunda liga, que só tinham jogado na segunda liga, e conseguimos construir esse caminho de fazê-los acreditar que era possível jogarem na Liga. 

- Como se consegue isso? 

- Obviamente, com ideias fortes. Somos uma equipa técnica que acredita muito no nosso trabalho, nas ideias, e conseguimos desenvolver isso. Melhorámos muito alguns jogadores que estavam super desacreditados, e conseguimos fazê-los crescer. Mas isto não pára e eu tenho noção de que para o ano tem de haver um desenvolvimento, trazer novos desafios internos, porque temos de estimular a equipa para coisas diferentes. Temos de acrescentar alguma coisa porque não podemos ficar confortáveis, eu gosto de criar um desconforto consciente e saudável no coletivo e no individual porque temos de ir à procura de mais. 

- Há uma marca muito forte nas suas equipas que é uma defesa forte. No ano passado o Santa Clara foi a melhor defesa da Europa, esta época foi a 5.ª melhor da Liga. É uma marca importante? 

- Sim. A minha equipa defende bem, não é defensiva. É uma equipa que defende bem. E não obdicamos disso, temos de ser muito coletivos. Eu tenho de olhar para o meu contexto e ter competência e resultados. E temos feito um bom trabalho.  

- Defender bem é a principal marca? 

- Temos duas coisas: defendemos bem; mas também  criamos muitas situações. Marcamos muitas vezes primeiro do que os adversários e fomos a sexta equipa com mais expected goals. Ou seja, temos a nossa ideia bem estruturada, mas não abdicamos de um grande compromisso defensivo e ofensivo. Somos uma equipa com ideias bem vincadas, com variabilidade no nosso jogo, porque acredito muito na importância dessa variabilidade, e não abdicamos  de um compromisso coletivo muito grande. 

- Ainda assim, foi apenas o 10.º ataque. Tendo em conta que ficou em 5.º lugar, é algo que tem de melhorar? 

- Sim, claro que sim. E nós estamos sempre à procura disso. Mas repare de onde viemos, mantendo a base do plantel que subiu à Liga. Foi uma exigência muito grande, contra plantéis com um investimento fortíssimo. Já não falo das quatro primeiras e o sexto classificado, que é o V. Guimarães, mas equipas que ficaram atrás de nós como o Estoril, ou o Famalicão, equipas com investimentos fortes, e que acabaram com mais quatro golos do que nós. Mas claro que vamos à procura de melhorar essa questão, apesar de achar que fizemos um grande trabalho. Sabemos o que aí vem, e o que temos de acrescentar à equipa.

- A meio da época já tinha o melhor arranque da história do Santa Clara, mas dizia que recusava pensar na Europa. Dentro do balneário isso não era tema? 

- Não, porque nós passamos mensagens muito fortes e não nos podemos desviar. Só chegámos aqui porque não nos desviámos do nosso caminho. Nós vínhamos da Liga2 e estar com esse tipo de conversas (Europa)... Lembro-me num jogo no Bessa, onde antes do jogo, na palestra, houve um jogador que disse «é importante hoje porque os outros perderam»... Isso é uma coisa que não me agrada e acabámos até por não vencer o jogo. E no final, no balneário, disse «não quero esse tipo de conversas aqui dentro, isso nunca mais». O nosso foco é o trabalho, não é estarmos a pensar na Europa e no 5.º ou no 6.º. Para mim não faz sentido, e foi assim que construímos as coisas. Gosto de bom ambiente, boa relação, mas toda a gente sabe o que tem para fazer e os seus limites.  

- Mas este ano não houve aquele «vai dar para nós!»? 

- (risos) Ah, isso há sempre! Vai dar! Ainda ontem me ligaram cinco jogadores, estavam a jantar e acabaram a dizer «isto vai dar para nós!». Er acredito muito nessa energia também, nessa relação, na paixão. E eles sentem isso, que eu tenho paixão pelo treino, mas também pelas relações e pela energia positiva.  

- Essa parte das relações, é aquilo que mais o distingue de grandes treinadores com quem trabalhou enquanto jogador? 

- Também. Foi algo que, enquanto jogador, achei sempre extremamente importante. Não desvalorizar o treino, o trabalho, a exigência, que é muito importante, mas depois conseguir juntar tudo isso à parte humana, às relações. Eles sentirem que tu entras, mas também sais. Isso é algo de que gosto muito, que fui desenvolvendo e acredito muito nisso. Tenho uma ótima relação com eles, mas quando é trabalho eles sabem que não há hipótese.  

- O que é preciso para cultivar isso? 

- Eu sempre fui muito bom observador e de feelings. Mesmo enquanto jogador. A vida ensinou-me a ser assim. E levo isso para a minha carreira. Costumo dizer-lhes que me basta vê-los saírem do estacionamento,  já sei como é que eles vêm para o treino. Não consigo explicar. Sou assim desde pequenino, sou de um bairro, e a vida ensinou-me algumas coisas que levo isso. 

Vasco Matos elogia o treinador que saltou do V. Guimarães a meio da época para o Sporting, conduzindo os leões à dobradinha

 - Quando é que percebeu que ia ser treinador? 

- Houve uma altura, enquanto jogador, quando trabalhei, com o Paulo Fonseca no Aves em que se fez um bocadinho de luz. Todos os treinadores me marcaram, tive ótimos treinadores, uns aprendi mais, outros menos, mas naquela altura.  

- Jogou, sobretudo na 2ª Liga, mas teve treinadores como Carlos Carvalhal, Vítor Oliveira, entre outros. Em qual vê mais traços seus, enquanto treinador? 

- Nessa questão dos feelings, do olhômetro -como nós dizemos - o Vítor Oliveira era mestre. E eu falava muito com ele, gostava muito de o ouvir, porque era um homem com uma sabedoria e um conhecimento muito grandes. Lembro-me que ele tinha timings de intervenção espetaculares e que eu levo para a minha carreira. 

- E qual o inspira mais? 

- Do Paulo Fonseca levou o pormenor, o detalhe, os posicionamentos, a estratégia, em função do que é o jogo e o adversário. Porque eu achava que o jogador aos 30 anos já não tinha nada para evoluir. Ele mostrou-me que não, e nós temos conseguido fazer esse trabalho com muitos jogadores. Mas aprendi de todos, desde a formação do Sporting, do Paulo Sérgio... Mas não me agarro muito a essas questões. Sou muito eu próprio, com vontade de ganhar, ambição, sou muito competitivo... Desde pequenino! Sou da Brandoa e comecei a jogar muito cedo nos Aliados da Brandoa e já vem daí. 

- Qual foi o melhor conselho que um treinador lhe deu? 

- Saber esperar o momento. Foi o Vítor Oliveira que mo deu. Tive conversas com ele que me fizeram acalmar um bocadinho em alguns momentos. Se calhar, perdi por ser esta pessoa, ou atrasei algumas coisas, porque sempre fui muito ponderado. Uma das coisas que me ficaram na cabeça, é que é importante saber esperar, saber estar. E o Vítor Oliveira foi uma pessoa que me marcou muito.  

- «Saber esperar» pode resumir o seu percurso enquanto treinador. Depois de subir o Vilafranquense à Liga 2 e fazer um bom trabalho no Alverca, por que decide voltar a ser adjunto? 

- Tinha oportunidade de continuar como treinador principal, mas apareceu a oportunidade de ir para o Casa Pia como adjunto do Filipe Martins, eu achei que era o passo certo. Eu era muito radical: ou era assim, ou não era assim. Era muito abrupto nas decisões, e fiz uma reflexão que me fez optar por tomar essa decisão.  

- Não viu como um passo atrás? 

- Não. Achei que era o passo certo, porque também precisava desenvolver algumas ferramentas que me poderiam ajudar no futuro. As coisas na minha cabeça estavam bem pensadas. Não tinha pressa. Mmita gente não percebeu o porquê, mas eu sabia a razão pela qual o fiz. E acho que foram três anos muito importantes, precisava de desenvolver muita coisa em mim, conhecer novas áreas, dar mais atenção a algumas questões... 

- Ver-se de fora? 

- Sim, um bocadinho esse zoom-out. Conhecer-me melhor, conhecer novos departamentos, num Casa Pia que na altura era um investimento de fora. O clube ia crescer, criar novos departamentos, numa realidade completamente diferente do que eu tinha tido até então. Senti que aquilo ia-me dar uma bagagem importante para o meu futuro.  

- O que ganhou nesses três anos?  

- Desenvolvi muito o lado humano, e aprofundei o meu conhecimento em áreas que não conseguia como treinador principal, porque me focava muito mais na questão do jogo e do treino. Dei muita importância a esse conhecimento, à comunicação com as pessoas, à ligação dos departamentos - médico, fisiologia, nutrição, psicologia - áreas muito importantes. 

- Desportivamente foram anos muito positivos. 

- Sim, conseguimos a permanência no primeiro, no segundo a subida de divisão, e no terceiro o 10.º lugar na Liga. Num clube que há 83 anos não estava na 1.ª divisão. Fizemos um trabalho excelente, conquistámos ali coisas muito importantes, e eu desenvolvi o que eu achava que era importante para mim. Depois surgiu a oportunidade do Santa Clara, com um presidente que já me conhecia do Alverca, e deu-me essa oportunidade. 

- Dois anos depois, o resultado está à vista de todos. 

- As coisas correram bem, também porque fiz este trajeto, que sabia ser importante para mim. Este progresso, crescimento, desenvolvimento, conhecer-me melhor. E estes dois anos no Santa Clara foram espetaculares. Foi aqui que senti claramente que este trajeto feito de forma sustentada e pensada por mim valeu a pena. 

- É um dos poucos treinadores que se manteve no mesmo clube, juntamente com o Ian Cathro, o Tiago Margarido e o João Pereira, todos treinadores muito jovens. O que é que esta nova geração tem?  

- Têm muito talento! Eu estou a comprovar isso no curso (UEFA PRO). São treinadores jovens com muito talento. Dedicamos-nos muito ao treino, à observação, à análise, a querer melhorar.