'Em análise': reação da AIMA ao processo atolado na burocracia |

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Em janeiro de 2023, quando ingressou Ao solicitar um visto de procura de emprego em Portugalao lado do Consulado de Portugal em São Paulo, Alan (de São Paulo) Urso42 anos, sim Convencido Foi o início de uma nova vida para ele e sua família, cheia de oportunidades. O documento demorou apenas dois meses para sair. Em abril do mesmo ano, Orsi largou o emprego de 18 anos na área de logística da Copersucar, gigante do setor sucroalcooleiro brasileiro, e veio para Portugal.

Não demorou muito para que Orsi se instalasse num dos restaurantes de Braga. Em agosto de 2023, conseguiu ser atendido pelo então Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), extinto dois meses depois e substituído pela Agência de Integração, Imigração e Asilo (AIMA). Ele próprio tentou apresentar os documentos necessários para obter a autorização de residência em Portugal. São solicitadas cópias dos comprovantes de vencimento recebidos pelos paulistanos no país durante o serviço. Em poucos dias, os contracheques foram enviados para o SEF. Para ser resolvido.

Desde então, já se passou quase um ano e meio e até hoje os brasileiros não veem a cor de seus cartões de residência. “Estou convencido de que estou preso à AIMA”, disse ele. Recorda que durante esta longa espera foram muitas as chamadas e emails enviados para o escritório da AIMA em Lisboa, onde o conheceu pela primeira vez. “Quando eles respondem, o discurso é sempre o mesmo: seu pedido está sendo analisado”, disse. Em novembro passado, ele decidiu ir pessoalmente ao escritório de imigração. Lá, eles disseram que o caso dele havia entrado na fase de pré-julgamento, mas não deram detalhes. Nos termos da AIMA, algo suspeito aconteceu ao longo do caminho.

Allan Orsi, de São Paulo, passou quase um ano e meio tentando entender o que estava acontecendo com seu processo de pedido de autorização de residência Perfil

“Nunca me informaram exactamente o que se passava, por isso não pude tomar as medidas necessárias. Ao mesmo tempo, estava a perder boas oportunidades de emprego porque sem autorização de residência não há contrato de trabalho formal, não há contrato de trabalho, não há autorização de residência”, lamentou Orsi. Preso nos problemas da AIMA, o brasileiro foi forçado a trabalhar como mensageiro, ou entregador de aplicativos, para sustentar sua família – sua esposa Larissa, 36, e seus quatro filhos. “Faço tudo de bicicleta porque não posso conduzir moto porque a minha carta de condução caducou e não posso renová-la sem autorização de residência”, acrescentou.

Orsi sublinhou que a única boa notícia neste momento é que a mulher apresentou uma carta de interesse assim que chegou a Portugal, recebeu assistência da AIMA e aguarda documentos oficiais. «Com isto, ela poderá trabalhar, já que conseguimos uma vaga numa creche para o nosso filho mais novo», sublinhou. “Infelizmente não tive dinheiro para contratar um advogado para me ajudar, o que tornou o meu caso ainda mais injusto. Mudei-me para Portugal com visto de trabalho, mas estava com problemas”, frisou.

reunião de família

Guilherme Zambonato Freitas, 34 anos, também sofre. Há cerca de três anos atravessou o Atlântico até Portugal. Por ser um profissional altamente qualificado (é engenheiro de TI), conquistou o cobiçado visto D3. Como sua esposa Michelle, então com 36 anos, estava grávida de seis meses, ele decidiu imigrar sozinho. “Preferiríamos que nossos filhos nascessem no Brasil”, disse ele. Três meses depois do nascimento do bebê, a família finalmente se reuniu. “Tenho contrato de trabalho com uma multinacional francesa que tem escritório em Portugal. Comecei a trabalhar no Brasil”, disse.

Tudo ia bem até que Guilherme pediu ao antigo SEF uma reunião familiar. “Esperamos e esperamos, mas nada”, disse ele. Os brasileiros decidiram pedir atendimento de emergência porque a mulher foi diagnosticada com epilepsia e síndrome vasovagal, que pode causar desmaios. "Quando esta informação foi recebida, o SEF reconheceu que o caso merecia atenção. No entanto, nada aconteceu. Acredito que entrámos num dilema que se aprofundou ainda mais com a chegada da AIMA", notou. “Como resultado, a minha mulher não pode receber cuidados adequados dentro da rede de saúde porque não tem residência formal”, acrescentou.

Há quase três anos, Guilherme Zambonato tenta reunir a esposa e um filho com a família Perfil

Cansado de esperar, Guilherme enviou um e-mail à Ouvidoria da Presidência da República relatando o problema. "Isso foi em setembro passado. Em duas semanas recebi uma mensagem reconhecendo a singularidade da minha situação. Vários e-mails foram trocados até que o assunto chegou à AIMA. Isso aconteceu em novembro de 2024, mas a partir de É isso", disse ele. O que mais incomoda os brasileiros é que existe um aviso de prioridade no site da AIMA em relação ao reagrupamento familiar de crianças e adolescentes menores de 18 anos. “Tenho um filho que tem quase três anos e um filho que tem três meses e nasceu em Portugal. Existe um documento em português”, frisou. A agência de imigração não respondeu quando questionada pelo PÚBLICO Brasil.

Um advogado com vasta experiência na AIMA acredita que o caminho restante é o caminho da justiça, tanto no caso de Allan Orsi como no caso de Guilherme Zambonato. Segundo ele, a AIMA não permite que nada seja combinado. Toda a estrutura tem como foco a resolução dos mais de 400 mil processos de pedidos de residência pendentes através de manifestações de interesse. “Estão a dar prioridade aos pedidos para 2021, 2022 e estão a enviar emails a muitas pessoas, incluindo aquelas cujos pedidos de residência foram rejeitados, mas que podem reenviar os documentos e pagar as taxas devidas”, disse.

Para a advogada Catarina Zuccaro, o facto de o caso de Allan Orsi estar sob investigação exige mais atenção, incluindo ações judiciais. "Pode haver algo de errado com a empresa onde trabalha. Ele pode recorrer ao artigo 82.º da Lei do Procedimento Administrativo (CPA) e pedir explicações. A AIMA terá 10 dias para responder", explicou. Quanto ao pedido de reagrupamento familiar de Guilherme, os advogados disseram que estava registado que a sua esposa tinha tantos direitos através do marido como o seu filho nascido em Portugal. “A justiça é a forma mais rápida de resolver este problema”, alertou.