As eleições legislativas estão a decorrer com normalidade, apenas com registo de queixas relativas a atrasos no início da votação presencial, devido à necessidade de lançar em urna os votos antecipados, disse fonte da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Sem informação de boicotes, André Wemans, porta-voz da CNE, disse à agência Lusa que "está tudo a correr na normalidade. Há pequenos incidentes pontuais, mas normais nas eleições".
A registar há, no entanto, a queixa do presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em Lisboa, que afirma ter sido este domingo agredido à porta de uma mesa de voto em Alfama.
Miguel Coelho (eleito pelo PS) explicou que o incidente ocorreu quando visitava as mesas de voto para saber se o ato eleitoral está a correr bem.
"Numa delas, em Alfama, estavam pessoas para votar na fila, entrei para cumprimentar e um indivíduo começou a chamar-me nomes. A seguir deu-me um empurrão na cara, de mão aberta, e atirou-me ao chão", relatou.
Em relação à afluência às urnas, cerca de 25,56% dos eleitores inscritos para as eleições deste domingo votaram até às 12h00, segundo dados divulgados pelo Ministério da Administração Interna (MAI).
Esta percentagem é superior à das últimas legislativas, realizadas em março de 2024, quando a afluência às urnas à mesma hora se estimava em 25,21%.
Quanto aos líderes políticos, não deixaram de apelar a que os portugueses não abdiquem de exercer o seu dever.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, que votou cerca das 09h45 em Espinho, disse não temer um cenário de instabilidade após as legislativas antecipadas, afirmando estar otimista quanto a uma grande taxa de participação.
"Sei que todos têm uma preocupação que é que destas eleições surjam soluções positivas que tragam maior capacidade de o país crescer, de o país prosperar, para poder haver mais justiça social, para poder haver mais igualdade de oportunidades e que há a procura de uma solução de estabilidade, mas isso dependerá agora das escolhas", disse Montenegro.
Por sua vez, o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, apelou a uma "grande participação" nas eleições, pedindo que ninguém fique em casa, nem deixe para os outros a sua escolha sobre o futuro.
"Este é o momento de apelo à participação, de respeito pela democracia, por uma participação cívica, respeitadora de todos, tolerante, mas muito participada, é isso que eu desejo", afirmou o líder socialista depois de ter votado, em Lisboa, acompanhado pelo filho.
O presidente do Chega, André Ventura, apelou aos portugueses para que votem este domingo, dizendo que é a "saúde da democracia" que está em causa.
"É a saúde da democracia hoje que está em causa. Acho que todos devem votar, independentemente do que seja, não deixem é que os outros escolham por vocês hoje. Façam a vossa escolha, saiam de casa, escolham o futuro do país, independentemente do que seja, independentemente de quem seja, apelou depois de votar, também na capital.
O presidente da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, sublinhou a importância da escolha que os portugueses fazem nas legislativas, após "algum tempo com turbulência política, com duas legislaturas que não terminaram".
Após votar em Braga, Rui Rocha apelou à afluência às urnas "em massa", seguindo o "excelente sinal" dado no passado domingo, com o voto antecipado.
O presidente do CDS-PP, Nuno Melo, pediu aos portugueses que votem "para que Portugal possa ter estabilidade e celebrar a democracia" e para que seja possível às pessoas "concentrarem-se no que de facto é importante".
"Portugal foi o segundo país da União Europeia que mais eleições teve em 10 anos. (...) O meu apelo é que votem para que Portugal possa ter estabilidade. Seja quem seja (eleito), votem. Na campanha eleitoral fizemos tudo o que podíamos, corremos o país. Todos os partidos o fizeram e agora é hora de celebrar a democracia", disse Nuno Melo, após ter votado, no Porto.
Para Paulo Raimundo, secretário-geral do PCP, que votou no concelho da Moita, existe a expectativa de as pessoas poderem celebrar a vida com mais condições a partir de segunda-feira.
"Espero que hoje, esta a noite, existam mais razões para as pessoas (...) começarem a vida na segunda-feira com melhores condições", disse o líder comunista após depositar o boletim de voto na urna.
O porta-voz do Livre, por outro lado, pediu às pessoas para não se esquecerem de votar, porque é um gesto simples que pode mudar a vida do país e ajudar a ter uma democracia melhor.
"Que toda a gente vá votar, que toda a gente vá fazer este gesto simples que pode mudar a vida do país", incentivou Rui Tavares, acrescentando: "Só há 50 anos é que tivemos pela primeira vez eleições livres e justas e em que as mulheres participaram sem mas, nem meio mas, sem nenhum tipo de condições".
Rui Tavares aproveitou a ocasião, para pedir atenção ao voto dos emigrantes, face aos relatos de vários problemas administrativos: "Se os emigrantes querem participar é sinal de uma ligação ao país que não se pode perder".
Após votar em Arroios, Lisboa, a líder do BE apelou também à participação nas legislativas, lembrando que se assinalam 50 anos das primeiras eleições livres e salientou que "o voto útil é o que elege deputados que defendem propostas úteis".
"Estes são os 50 anos do voto livre, são os 50 anos em que as mulheres puderam pela primeira vez votar em Portugal e, por isso, apelo a toda a gente para votar, às mulheres e aos homens deste país, que querem um país mais justo, para virem, para votarem,", apelou Mariana Mortágua.
No mesmo sentido foi o apelo de Inês de Sousa Real, líder do PAN, para quem é necessário garantir um "novo ciclo político com estabilidade", que responda às preocupações dos portugueses.
Em declarações aos jornalistas depois de ter votado na Escola Básica de Telheiras, em Lisboa, Inês de Sousa Real apelou ao voto de forma que os portugueses "escolham as alternativas que querem" e assegurem um "novo ciclo político, com estabilidade e com a garantia" de que o país avança "em prol das preocupações dos portugueses".
O apelo à participação dos portugueses nestas eleições foi feito, também, no sábado, pelo Presidente da República, que considerou que "votar neste momento é contribuir para a estabilidade" e evitar "longos governos de gestão".
Numa comunicação ao país, a partir do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa advertiu que "até maio de 2026 não poderá haver constitucionalmente novas eleições".
Na habitual mensagem presidencial transmitida em véspera de atos eleitorais, o chefe de Estado afirmou também que votar é "dar vida à liberdade, à igualdade, à solidariedade, à segurança, à democracia e à paz", assinalando que passaram 50 anos desde as eleições de 1975 para a Assembleia Constituinte -- o ato eleitoral com maior participação eleitoral até agora, superior a 91% dos inscritos.
"Votar neste momento é contribuir para a estabilidade no meio de um mundo instável, poupando soluções longas de governos de gestão, quando até maio de 2026 não poderá haver constitucionalmente novas eleições, e permitindo a previsibilidade, sem a qual não cresce a confiança", declarou.
Já hoje, o presidente da Assembleia da República disse que o momento que se vive é crítico e apelou ao voto, defendendo que abstenção é um obstáculo e quanto menor ela for, maior é a representatividade do povo.
"Este é um momento crítico e estou confiante que os portugueses esclarecidos pela campanha eleitoral irão fazer a sua opção", disse José Pedro Aguiar-Branco.
Também o ex-Presidente da República, Cavaco Silva, defendeu que votar é um dever, que na situação que se vive no mundo Portugal precisa de estabilidade para resolver "graves problemas" e exigiu competência a todos os governantes.
"Cabe hoje aos eleitores decidir em consciência quem consideram mais capaz para liderar o Governo de Portugal. Faço votos para que os portugueses em geral não deixem de cumprir o seu direito de votar", afirmou Cavaco Silva.
O ex-Presidente da República disse ainda que, na situação internacional "muito complexa, muito incerta, muito exigente aos governantes", votar "não é apenas um direito, é um dever" e por isso, espera que uma "grande maioria" vote.
As mesas de voto para as eleições legislativas antecipadas encerram este domingo às 19h00 em Portugal Continental e na Madeira, fechando uma hora depois nos Açores, devido à diferença horária.
Segundo a Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna (SGMAI), podem votar para as eleições legislativas antecipadas de 10,8 milhões de eleitores.
No passado domingo, mais de 314 mil eleitores dos 333.347 inscritos para o voto antecipado já exerceram o seu direito, correspondendo a uma afluência de 94,45%, segundo o balanço enviado à Lusa pela secretaria-geral do Ministério da Administração Interna.
No total, serão eleitos 230 deputados, em 22 círculos eleitorais - 18 dos quais em Portugal continental e os restantes nos Açores, na Madeira, na Europa e Fora da Europa -, num ato eleitoral que terá um custo a rondar os 26,5 milhões de euros.
Concorrem a estas eleições 21 forças políticas, mais três do que nas eleições de março do ano passado.
Nas legislativas anteriores, em 10 de março de 2024, a taxa de abstenção situou-se nos 40,10%, tendo-se verificado uma descida em relação às legislativas de 2022, nas quais a taxa de abstenção atingiu os 48,54%.