No passado domingo, o comentador e futuro candidato presidencial do PSD, Luís Marques Mendes, fez uma declaração gravemente falsa e injusta no habitual espaço de comentários da SIC sobre a alegada ausência de pré-escolas públicas nos estabelecimentos de ensino da cidade do Porto. Isso mesmo: zero! não há nada.
Para solidificar esta realidade alternativa e forçar a narrativa de um estado social em retrocesso, apresentou mesmo um diagrama que ilustra esta proposta inexistente. Esta baboseira não só revela uma flagrante falta de compreensão das realidades da educação nesta cidade, mas também levanta questões válidas sobre as opiniões que ele expressou sobre outros tópicos.
Felizmente, a realidade é muito diferente do cenário descrito pelos comentadores. Segundo dados facilmente confirmáveis da Secretaria Municipal de Educação da Câmara Municipal do Porto e de plataformas oficiais como o GesEdu, a rede pública de ensino da cidade do Porto é composta por 73 escolas no ano letivo 2024-2025, com cerca de 22.500 alunos inscritos nas escolas públicas. Estas incluem 46 escolas do primeiro ciclo do ensino básico, 41 das quais oferecem educação pré-escolar, e um total de 91 creches. Existem também 27 escolas primárias e secundárias de segundo e terceiro ciclos. Segundo a DGEEC, basta perguntar ao seu Lugar (Regiões em Números 2022/2023, Volume 1 - Norte, pp. 140-143), No ano letivo 2022/2023 (último dado disponível, divulgado em 2024), estavam inscritos 1981 alunos nos estabelecimentos pré-escolares públicos do Porto, do tipo que Max Mendes afirma não existir…
É também importante esclarecer que, devido a escolhas estruturais, as instituições pré-escolares públicas não são unidades autónomas. A organização pretende integrar a educação pré-escolar nas escolas do ensino básico do primeiro ciclo, facilitar a transição dos alunos entre os níveis de ensino e aproveitar melhor os recursos educativos.
Além disso, a cidade do Porto beneficia de importantes redes de solidariedade, bem como de redes privadas que complementam naturalmente os serviços educativos. Ignorar esta dimensão revela uma visão limitada da realidade e um desrespeito pelas famílias que recorrem a estas estruturas.
Ao ignorar estes factos, Max Mendez não só cometeu graves erros factuais, mas também contribuiu para a difusão de uma narrativa que enganou e prejudicou o debate público. Tais comentários servem apenas para alimentar uma polarização infundada e desvalorizar o trabalho realizado pela rede pública gaúcha.
É vital que figuras com tal exposição nos meios de comunicação social utilizem a sua voz de forma responsável e informada. A educação é um dos pilares da sociedade e deve ser levada com a seriedade que merece. As famílias e as crianças no Porto têm direito a uma reflexão honesta da realidade.
Max Mendes, acostumado a deixar “notas” em programas de TV, aparentemente recebeu resposta negativa por seus comentários sobre o tema.