Cirurgia da coluna: uma escolha cada vez mais segura – Fitness e bem-estar

A cirurgia da coluna vertebral evoluiu tremendamente nos últimos 30 anos, permitindo procedimentos cirúrgicos cada vez mais complexos e, ao mesmo tempo, melhorando sua eficácia e segurança. Porém, durante o seu desenvolvimento, os resultados nem sempre foram os melhores e no passado esteve associado a um grande número de complicações.

Nas décadas de 1980 e 1990, vários estudos foram publicados indicando que apenas 68% dos pacientes cirúrgicos obtiveram resultados clínicos satisfatórios. Esses procedimentos estão associados a uma alta taxa de complicações (aproximadamente 20%) e uma taxa de reintervenção de 18% devido à perda ou falha na fixação do implante.

Na altura, o campo da cirurgia da coluna estava apenas a dar os primeiros passos, razão pela qual os pacientes muitas vezes apresentavam pouca ou nenhuma melhoria num curto período de tempo, porque os implantes eram rígidos e aceleravam alguns dos processos degenerativos em curso.

Atualmente, esta tendência mudou fundamentalmente. A cirurgia da coluna tem feito enormes avanços tecnológicos com a introdução de novos equipamentos e tecnologias assistivas intraoperatórias, permitindo a realização de procedimentos cada vez mais complexos através de abordagens minimamente invasivas com resultados clínicos muito melhores do que nas décadas anteriores. . As principais etapas realizadas durante a cirurgia da coluna são:

- Criar uma unidade de cirurgia da coluna especializada e altamente diferenciada

O detalhe e o rigor da cirurgia exigem unidades multidisciplinares altamente especializadas, cirurgiões experientes e dotados de equipamentos de alta tecnologia.

- Cirurgia minimamente invasiva

O lema “Grande incisão, grande cirurgião” foi completamente abandonado. O desenvolvimento de técnicas minimamente invasivas tornou os procedimentos cirúrgicos menos invasivos, resultando em recuperação mais rápida do paciente e melhores resultados clínicos. Como resultado, o tratamento cirúrgico com internação hospitalar planejada de 1 a 2 dias pode ser realizado com alto grau de segurança, enquanto no passado era necessária uma internação hospitalar de várias semanas. A cirurgia minimamente invasiva permite que os pacientes se recuperem mais rapidamente, permitindo que indivíduos em ocupações fisicamente exigentes e até mesmo atletas altamente competitivos alcancem melhores resultados funcionais e retornem a um alto nível mais rapidamente.

- Cirurgia indolor durante e após a cirurgia

O desenvolvimento de novas técnicas de anestesia pode reduzir significativamente a dor pós-operatória, permitindo que os pacientes autocontrolem os medicamentos analgésicos por meio de bombas de infusão, melhorando o conforto e as queixas relacionadas mesmo durante cirurgias mais agressivas. Dessa forma, os pacientes podem se levantar e caminhar em menos de 24 horas após a cirurgia, permitindo uma melhor recuperação.

- Cirurgia mais rápida e segura

A introdução de equipamentos mais avançados também pode reduzir a complexidade de alguns procedimentos cirúrgicos, reduzindo o tempo operatório para menos de metade em comparação com o que era prático há cerca de 20 anos. Atualmente, a hérnia de disco intervertebral pode ser operada por métodos minimamente invasivos. A operação leva menos de uma hora e o paciente pode receber alta para casa no mesmo dia.

Tempos operatórios mais curtos, associados a uma abordagem mais direcionada e menor, reduzem a exposição a bactérias e reduzem o risco de complicações associadas.

- Melhor visualização, menor risco cirúrgico

Os cirurgiões de coluna têm atualmente à sua disposição uma série de instrumentos para ajudar a tratar pacientes com patologias graves da coluna, reduzindo assim a incidência de complicações graves. A utilização de microscópios com enorme capacidade de ampliação de imagem melhora a visualização do campo cirúrgico, permitindo uma melhor percepção das estruturas afetadas, como a medula espinhal ou raízes nervosas, melhorando assim a capacidade do cirurgião no tratamento de patologias graves na coluna vertebral. O risco de danos nos nervos, como tumores e estenose do canal, é menor.

- Cirurgia neuronavegada – um passo gigante na colocação de implantes espinhais mais segura possível

Embora disponível apenas em alguns centros em Portugal, a neuronavegação pode melhorar significativamente as capacidades de posicionamento dos implantes. O aparelho utiliza tomografia computadorizada intraoperatória, com antenas e instrumentos auxiliados por avançados dispositivos de aquisição de imagens computacionais, para colocação de parafusos e implantes em tempo real. Esta tecnologia não só melhora a eficiência cirúrgica (pois o posicionamento do implante numa trajetória ideal melhora as capacidades biomecânicas da cirurgia), mas também reduz a incidência de complicações associadas. Utilizando esta tecnologia, o número de parafusos colocados fora do caminho ideal é significativamente reduzido e a taxa de revisão cirúrgica devido ao mau posicionamento do implante é reduzida para muito próximo de 0%. Por todas estas razões, a neuronavegação pode melhorar a segurança e eficácia do posicionamento do implante e tornar-se um dispositivo essencial para procedimentos mais complexos, como correção de deformidades ou revisão cirúrgica.

- Robôs em cirurgia de coluna – o futuro está chegando

Embora a cirurgia robótica já exista em outras áreas da cirurgia, a tecnologia robótica aplicada à cirurgia da coluna só agora começa a dar os primeiros passos. O dispositivo, que actualmente existe em muito poucos hospitais em todo o mundo (e ainda não na Europa), ainda requer a ajuda de um cirurgião para posicionar correctamente o implante, mas o seu desenvolvimento poderá permitir a aplicação totalmente autónoma do implante no futuro, potencialmente reduzindo ainda mais o uso de implantes. Taxas de complicações relacionadas ao erro humano.

Dispositivos robóticos operados remotamente por cirurgiões ainda estão em fase de desenvolvimento e podem atuar como uma extensão do braço humano com altíssima precisão.

Artigo escrito pelo Dr. Luís Teixeira, Cirurgião de Coluna e Diretor do Centro de Coluna.