DTiago Oliveira disse que “segundo dados detidos pela CGTP, os custos no processo de despedimento coletivo aumentaram face ao ano passado. Isto não significa que o número de trabalhadores tenha aumentado”. O movimento operário de 18 de janeiro de 1934 foi hoje desencadeado por uma cerimónia pública em Marigna Grande, distrito de Leiria.
Segundo o secretário-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores Portugueses (CGTP-IN), estes despedimentos ocorrem em indústrias muito específicas, nomeadamente a indústria automóvel e a têxtil.
“São realidades que precisamos de estar atentos e a CGTP tem trabalhado arduamente para sensibilizar para isso, pois temos tido muitos processos de insolvência onde empresas fecham, apenas para reabrirem no dia seguinte com outro nome e com os mesmos empregos garantidos”, ele avisou.
Thiago Oliveira sublinhou, por isso, que estes despedimentos coletivos não podem levar a “um alarme falso que de facto não existe”.
“O que sei até agora é que esta discussão pode servir de desculpa para os trabalhadores lhes incutirem mais uma vez a fragilidade do sistema económico do país”, frisou, temendo que a mensagem possa ser enviada. As empresas enfrentam problemas e voltam a “pedir dificuldades aos trabalhadores”, alegando que “os salários não estão a ter a valorização que merecem” e que precisam de “apertar os cintos”.
“Estamos preocupados com a forma como as coisas estão a ser tratadas, especialmente por parte dos empregadores e dos governos”, observou, provando que não considera que as falências e os despedimentos colectivos sejam “alguma coisa chocante”.
Segundo cálculos da Lusa baseados em dados da DGERT, até novembro o número de despedimentos coletivos envolvendo grandes empresas mais do que duplicou face ao mesmo período do ano passado, totalizando 41 pessoas, atingindo o nível mais elevado em 2014.
Este número compara com os 16 despedimentos coletivos em grandes empresas durante o mesmo período do ano passado.
No seu discurso, Thiago Oliveira alertou ainda para a degradação do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
“Isto não é por falta de vigilância mas sim por falta de vontade política, basta olhar para o Programa do Governo da AD (PSD-CDS) e perceber quais são os objetivos específicos deste governo para o setor da saúde, que é procurar políticas para o setor privado a seguir A reação vem do setor público”, disse à agência Lusa.
Tiago Oliveira acredita na capacidade do SNS de “reagir à população conforme necessário”, mas para isso “é preciso valorizar os seus profissionais” e não “como se observa. com a introdução de centros de saúde geridos pelo sector privado", disse ele.
Face à “degradação proposital dos serviços públicos”, os dirigentes sindicais consideram que “o caminho deve ser no sentido da valorização dos profissionais de saúde e de melhores salários e condições de trabalho”.
Para o responsável, as “horas cruéis exigidas” aos profissionais de saúde, a falta de valorização e progressão na carreira e o stress contínuo são algumas das razões pelas quais enfermeiros, médicos e auxiliares estão a abandonar o SUS.
“Não venham aqui dizer que não há profissionais ou que escolheram o sector privado. Se o fazem é porque o serviço público se degradou completamente. gastar, podem encaminhar para o SNS, é mais fundamental”, concluiu.
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