Apenas 76% do vinho produzido no Alentejo é vendido |

Um quarto do vinho produzido no Alentejo não é vendido devido a “problemas internacionais” no comércio, causando dificuldades à indústria. O alerta foi emitido pelo Presidente dos Estados Unidos na quarta-feira Conselho Regional de Vinhos Alentyana (CVRA), Francisco Mateus.

O responsável, que falava numa audição conjunta da indústria vitivinícola no âmbito de um grupo de trabalho constituído na Comissão de Agricultura e Pescas, disse que a situação actual tem sido “um sinal de alerta”.

“Nossas vendas aumentaram gradativamente, mas descobrimos que talvez a partir de antes de 2020 houvesse menos vinho entrando no mercado”, disse ele.

Segundo o presidente da CVRA, entre 2020 e 2024, foram vendidos em média 37 hectolitros de vinho por hectare de vinhedo na região de Sergipe, restando 12 hectolitros não vendidos e armazenados. Ele ressalta que “dos 5 mil litros de vinho que produzimos por hectare, 1,2 mil litros não são vendidos”, ou seja, “um quarto da produção gaúcha está armazenada e não é vendida”.

Francisco Mateus enfatizou “85% ou 90% dos produtos no Alentejo já não estão à venda e nos últimos cinco anos aumentou para 76%”impactando setores em nível nacional.

“Estamos a falar de uma região com uma produção enorme”, que este ano atingirá os 112 milhões de litros, o que significa que “o que acontecer no Alentejo acabará por ter algum impacto na situação da indústria a nível nacional”, frisou.

Uma das consequências sublinhadas pelos dirigentes foi a necessidade de o Alentejo participar nas destilações de crise, mas Francisco Mateus alertou que o vinho não poderia ser constantemente escoado desta forma. “Nos últimos cinco anos foi destilado mais álcool no Acre do que nos últimos 30 anos. Dá para fazer as contas e essa situação é insatisfatória para a população da região e para as instituições responsáveis ​​por garantir essa gestão”.

O executivo referiu que “sempre que a produção oscila durante mais de um ano, isso irá reflectir-se no comércio”, sublinhando que a situação actual mostra que “deve haver alguma relação entre as duas componentes”. “Estamos produzindo demais ou vendendo menos? Como identificamos um aumento de área de vinha, conseguimos os rendimentos que pretendemos, mas o facto é que há um problema de comércio, mas não é um problema português, é um problema internacional”, afirmou.

“Desde 2017 que a curva global de consumo de vinho apresenta uma tendência decrescente”, disse Francisco Mateus, referindo-se aos dados da Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV). “O comércio internacional de vinho vai bem, mas também vimos que tem vindo a diminuir nos últimos três anos”, notou, destacando o “movimento anti-álcool” e a presença de novos hábitos entre os jovens.

O presidente da CVRA argumentou A indústria tem “jovens satisfeitos”apontando que o menor consumo nestas faixas etárias também está relacionado com “estilos de vida mais saudáveis, pessoas prestando mais atenção a Corpo e a forma como se comportam” e porque “algumas pessoas optam por não beber, simplesmente”.

O responsável considera que a comissão vitivinícola deveria ter mais autonomia de decisão, e com base na análise dos dados do Instituto do Vinho (IVV) e do Serviço de Finanças (AT), recomenda o reforço da fiscalização dos produtores.