O Supremo Tribunal Administrativo (STA) anulou a decisão de reintegração de um professor despedido do Politécnico do Porto por assédio sexual a uma estudante, confirmando a validade da ordem de despedimento em primeira instância.
Num acórdão publicado quinta-feira pelo STA, o coletivo, tendo como relator o consultor Pedro Marchão Marques, decidiu a favor do Politécnico do Porto (IPP), que recorreu da decisão do Tribunal Central Administrativo do Norte, que cancelou o concurso do professor. o despedimento baseou-se em alegações de assédio sexual em primeira instância por parte do Tribunal Administrativo e Fiscal do Porto.
“(...) A pena de despedimento aplicada não se afigura excessiva, nem se baseia em erro material de facto ou de direito - pelo contrário - não se afigura suficiente nem necessária para sancionar a conduta ilícita do arguido” , publicou esta quinta-feira o acórdão.
O coletivo negou ainda que tenha havido “erro grave ou manifesto no princípio da proporcionalidade”.
Uma professora despedida pelo IPP por assédio foi reintegrada na sequência de uma decisão do Tribunal Administrativo Central Norte (TCA-Norte) após proposta de medidas preventivas, decisão da qual o IPP recorreu.
Um antigo reitor do IPP foi despedido no final de 2023, depois de um processo disciplinar ter comprovado que assediou sexualmente três estudantes, decisão que o TCA-Norte anulou e devolveu à instituição.
Conforme noticiado originalmente pela CNN, o caso remonta a 2023, quando três estudantes reclamaram de assédio sexual por parte de uma professora que lecionava educação física no IPP desde 1987.
O problema, acrescentou ele, é o contato e as palavras inadequadas durante os treinos.
Depois de o TCA-Norte ter revertido a decisão de despedimento, o IPP reintegrou o professor em 21 de outubro de 2024, mas o professor deixou de ter responsabilidades docentes.
Em Janeiro de 2024, o IPP revelou que um professor seria despedido e dois professores suspensos por 200 dias e 90 dias, respectivamente, na sequência de processos disciplinares iniciados em Abril de 2023 por alegações de assédio.
“Depois da conclusão dos devidos processos disciplinares e tendo em conta as suas conclusões, o instrutor do processo recomendou o despedimento de um dos professores visados e a suspensão de 200 dias e 90 dias para os restantes professores”, refere o IPP. Uma declaração.
Os professores foram colocados em suspensão preventiva após o recebimento de denúncias no dia 18 de abril.
Fontes da Procuradoria-Geral da República (PGR) disseram à agência Lusa na altura que o Ministério Público (MP) encerrou um inquérito instaurado após um caso de assédio sexual denunciado pelo Partido Popular Independente por falta de queixas do lesado.
Acrescentou: “A investigação foi encerrada porque o Ministério Público não tinha legalidade para tomar medidas criminais devido ao carácter semipúblico dos crimes denunciados e à falta de apresentação formal das queixas necessárias por parte da parte lesada”.