No discurso hoje, o presidente da Assembleia da República elogiou o Conselho Nacional Eleitoral (CNE), defendendo a simplificação do voto para os imigrantes, medidas contra a abstenção e um repensar do sistema eleitoral.
José Pedro Aguiar-Branco afirmou estas posições ao discursar na Câmara do Senado da Assembleia na abertura da conferência comemorativa dos 50 anos da fundação da CNE.
Após o discurso de abertura de Santos Cabral, Presidente da CNE e Conselheiro dos Juízes, José Pedro Aguiar-Blanco destacou o contributo da CNE para o funcionamento da democracia portuguesa durante meio século, mas também mencionou os desafios futuros. entidade.
"Devemos continuar a perguntar à CNE e a todas as pessoas anónimas que garantem que as nossas eleições decorram sem problemas, o que podemos fazer para facilitar o seu trabalho, o que podemos fazer como país, como parlamento, para responder aos desafios democráticos de hoje. Destacou desafios como as taxas de abstenção que continuam demasiado elevadas.
Neste contexto, o presidente da Assembleia Geral lembrou que dentro de poucos meses deste ano o país realizará eleições autárquicas, “uma grande celebração da democracia e do poder local, com milhares de candidatos”.
"Não podemos continuar a ter taxas de abstenção acima dos 40% nestas eleições. “, sublinhou, antes de alertar para a necessidade de “mobilizar os cidadãos europeus que vivem em Portugal – e aqueles que podem votar neste projeto de lei eleitoral” para participarem nas eleições autárquicas.
Mas o antigo ministro social-democrata levantou então um segundo desafio relacionado com o voto das comunidades imigrantes.
"Precisamos encontrar um modelo mais simples e acessível para aumentar a participação”, afirmou.
Para o médio prazo, o presidente da Assembleia da República destacou “o desafio da reforma do sistema eleitoral e das leis de campanha”.
"Agora não é o lugar nem o momento para nos aprofundarmos nessas questões. Mas não quero deixar de mencioná-los. Acredito que gastamos muito pouco tempo pensando em como melhorar nosso sistema político”, opinou.
Em discursos do procurador-geral da República, Amadeu Guerra, e de ex-governantes como a presidente da Assembleia da República, a socialista Vera Jardim, defendeu o argumento de que os regimes políticos democráticos são “sempre construções colectivas” e são aprovados passam de geração em geração como legados frágeis que precisam ser preservados. "
"Cada geração é chamada a assumir a responsabilidade de cuidar do que é de todos, construindo com realismo e bom senso em prol do bem comum. Digo isto não só à CNE, mas também ao Parlamento e a todo o sistema democrático. A melhor homenagem que podemos prestar aos que vieram antes de nós é saber preservar a democracia para que possamos entregá-la à próxima geração de uma forma mais forte e melhor preparada”, frisou.
No seu discurso, José Pedro Aguiar-Blanco passou em revista os preparativos para a primeira eleição democrática da Assembleia Constituinte, em Abril de 1975.
"O país não está habituado ao pluralismo em partidos políticos, campanhas, comícios, tempo de antena e conferências de informação. Não há garantia de que um regime tão novo e ainda tão frágil será capaz de organizar eleições em todo o território ou responder ao grande número de votos esperado para garantir que todos os partidos concorrentes aceitem os resultados."
“Também não há garantias de que as mesas de votação funcionarão, que o voto secreto será respeitado, que a revisão será transparente e confiável, ou que o processo será justo e aceitável para todos”, disse o Presidente.
"Os riscos são muitos. 50 anos depois, seria fácil nem notá-los. É isto que a CNE faz. Garantir que a eleição corra bem e que tudo corra bem durante um período tão assustador e emocionante em nossas vidas coletivas. Portanto, poucos meses antes de assinalarmos o 50º aniversário da primeira eleição, é justo que prestemos homenagem a quem tornou isso possível”, acrescentou.