Em 2025, os jovens com menos de 35 anos poderão obter financiamento a 100% na compra de casa. Esta medida foi considerada uma solução inovadora para a crise habitacional e foi acolhida com entusiasmo pelo público-alvo. No entanto, embora o governo a tenha promovido como um passo decisivo para aliviar as dificuldades da geração mais jovem, a sua eficácia na resolução do problema habitacional foi fundamental. As questões económicas permanecem questionáveis. Na prática, isto parece insuficiente para enfrentar os desafios estruturais que limitam o acesso dos jovens à habitação e à estabilidade financeira.
À primeira vista, financiar 100% da sua casa pode parecer uma solução sem desvantagens óbvias, mas compreender os custos reais de não pagar a entrada é fundamental e os executivos não comunicam isso o suficiente. No financiamento a 100%, os juros são contabilizados no valor total, o que resulta num custo total significativamente superior e em amortizações mensais mais elevadas.
Por exemplo, para uma casa no valor de 200.000€ com uma taxa de juro de 3% e um prazo de 40 anos, uma entrada típica é de 10%, e sem contar todos os outros custos relacionados, um jovem terá uma entrada de aproximadamente 10 % no final do empréstimo. 310.000 euros. Excluindo o sinal de 20.000 euros, o valor pago é de aproximadamente 344.000 euros, ou seja, muito mais que o sinal.
Além disso, com a imposição do Banco de Portugal de um limite máximo de esforço de 35%, muitos jovens que teriam beneficiado desta medida continuarão excluídos do crédito. Portanto, as medidas que estamos a implementar beneficiam aqueles que já dispõem de determinados meios financeiros, e não aqueles que mais precisam deles. Na prática, a medida parece beneficiar os jovens financeiramente estáveis, que podem investir os seus 10% de entrada em produtos financeiros com retornos mais elevados, pagando ao mesmo tempo taxas de juro de empréstimo mais baixas. - Sublinho que esta situação exige um nível de conhecimento e disciplina financeira que a maioria dos portugueses não possui.
O verdadeiro problema do mercado imobiliário português é a falta de oferta, agravada pela procura externa e pela aposta na construção de edifícios de luxo. A medida centra-se apenas em estimular a procura, sem abordar a verdadeira raiz do problema. É previsível que o PSD critique o PSD caso proponha esta medida.
Se quisermos realmente resolver a crise imobiliária, precisamos de desenvolver políticas que aumentem a oferta de habitação a preços acessíveis, promovam preços de arrendamento justos e revejam os impostos sobre propriedades vagas. Medidas como a construção de habitação a preços acessíveis e a regulamentação dos incentivos ao mercado de arrendamento podem criar um equilíbrio mais saudável entre a oferta e a procura, beneficiando não apenas os jovens, mas todos aqueles que lutam para ter acesso a uma habitação digna.
É crucial reflectir sobre o papel do Estado na salvaguarda dos direitos à habitação – serão as acções governamentais concebidas para minimizar a migração generalizada entre grupos etários relevantes ou para manter um sistema que favorece os mais ricos? A resposta a esta questão poderá determinar o rumo das políticas públicas nos próximos anos, nomeadamente na área da habitação.