Vinho, ou um exemplo de regeneração sustentável – Paula Cordeiro
Os tempos estão a mudar, as necessidades estão a mudar, o nosso conhecimento está a expandir-se e a adaptação é urgente e fundamental. Pode parecer redundante mencionar o óbvio, mas se fosse de facto óbvio, não estaríamos numa situação de urgência ambiental e climática. A natureza lucrativa das organizações comerciais leva a conflitos de interesses inevitáveis: por exemplo, a indústria dos combustíveis fósseis está interessada em minimizar ou negar as alterações climáticas para proteger a sua agenda económica, continuando a produção sem respeitar os ecossistemas naturais. Contudo, não faltam exemplos que ilustram a urgência de mudar o padrão de exploração dos recursos naturais da Terra, incluindo inundações mortais ou incêndios florestais, tempestades de neve e geadas sem precedentes, tempestades de poeira ou ondas de calor inesperadas.
A abordagem às alterações climáticas depende de uma abordagem interligada, abrangendo relações políticas, económicas, científicas e sociais, bem como iniciativas governamentais importantes. Isso não aconteceu, mas houve algumas iniciativas privadas que ajudaram a mudar. Isto acontece na indústria vitivinícola, onde há um exemplo de adaptação ao terroir, onde a lógica da vinha é diferente da habitual. Tal como outras indústrias, a indústria do vinho tem produtores que decidiram agir e mudar os seus métodos de cultivo e produção. No setor agrícola, Portugal tem tentado criar modelos agrícolas regenerativos cujos resultados sociais, económicos e ambientais possam compensar tendências negativas, sendo ao mesmo tempo uma fonte de regeneração de ecossistemas naturais. O objetivo é voltar à natureza e criar sistemas mais inteligentes e eficientes nessa relação. Outros estão a desenvolver métodos de produção de vinha e vinho mais adequados, utilizando diferentes estratégias que se concentram em variedades nativas mais resistentes e técnicas de cultivo que protegem a biodiversidade. Da proteção ambiental para garantir a continuidade da produção à autenticidade do vinho, este movimento formou-se e cresceu em todo o país.
Em Alter do Chão, no distrito de Portalegre, houve um projecto recente em que foram plantados 4 hectares de vinha, adequadamente adaptados às condições do terreno, clima e altitude, produzindo assim vinhos que representam características autênticas do Alentejo, em detrimento da região em que estão localizados. É um caminho que segue a lógica da regeneração e integração nos sistemas naturais, com escolhas mais conscientes e responsáveis, adotando modelos agrícolas e vitivinícolas que respeitem os limites do planeta e o tornem regenerativo. O caso do projeto familiar Pista Wines é um bom exemplo desta regeneração: plantaram a primeira vinha em 2021 e alcançaram com sucesso a primeira colheita em 2022, provando que um ecossistema equilibrado é mais produtivo.
Para além do vinho, esta história tem um lado apaixonante e pessoal, um regresso às raízes, reconhecendo a importância dos laços que nos ligam à terra que nos viu nascer, e a importância de mudanças radicais nas vidas e nas carreiras, aproveitando esta tem experiência na construção e desenvolvimento de projetos assentes na paixão pela terra, pela vinha e pelo vinho. Ao mesmo tempo, é um exemplo de como o solo é tão importante como qualquer outro tipo de riqueza, ou até mais, com a vantagem de poder regenerar-se ao mesmo tempo que se adapta às nossas diversas necessidades, poder produzir vinhos de grande sabor e qualidade ou fornecer Muitas pessoas fornecem alimentos. Desta forma, a produção de vinho, e a sustentabilidade das vinhas e dos vinhos, desempenham um papel fundamental na mudança de mentalidades, comportamentos e atitudes e contribuem para uma nova forma de fazer as coisas, que representa também um compromisso com um regresso ao passado, reavivando os tradicionais métodos de cultivo e cultivo que estão sendo adotados por outros produtores de vinho em todo o país. Exemplos como este da Pista Wines provam que a regeneração sustentável está de facto nas nossas mãos.
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Exemplos como inundações mortais ou incêndios florestais, tempestades de neve e gelo sem precedentes, tempestades de areia ou ondas de calor inesperadas demonstram a urgência de mudar o padrão de exploração dos recursos naturais do planeta.
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