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Reforma Judiciária – Dez anos depois – Paulo Lona

    Ano novo e problemas velhos - Paulo Lona

    Reforma Judiciária – Dez anos depois – Paulo Lona

    A recente reforma do panorama judicial português, que durou dez anos, suscitou uma reflexão oportuna sobre as mudanças que estão a ocorrer no sistema judicial.

    A Associação Portuguesa organizou uma conferência, na qual tive o prazer de participar, com o tema “Reforma Judiciária – Dez Anos de Mudança: Reflexões e Perspetivas. Dez Anos de Reforma Judiciária: Mapas Judiciais, Profissionalização e Gestão”, com o objetivo de o reflexo.

    Esta reestruturação foi implementada há dez anos para melhorar a capacidade de resposta, qualidade, rapidez, simplicidade, acessibilidade e eficiência do sistema judicial.

    A reorganização incluiu a criação de 23 grandes tribunais, cada um governado por uma comissão de gestão (composta por um juiz presidente, um Ministério Público coordenador e um administrador judicial), a expansão da base territorial dos distritos judiciais e o encerramento de 20 tribunais. volume.

    Embora estas mudanças tenham promovido uma administração mais centralizada e autónoma, também aumentaram a distância entre os tribunais e alguns grupos de pessoas, afectando o acesso à justiça para alguns cidadãos vulneráveis.

    Daqui a dez anos será necessário repensar o tamanho de algumas áreas e adequá-las à realidade atual.

    Cada um dos 23 concelhos que existem atualmente apresenta realidades únicas e enfrenta desafios específicos. Contudo, vale ressaltar que a abrangência geográfica de algumas áreas é muito grande, o que traz grandes dificuldades de gestão e operação. Dada esta situação, a dimensão e a estrutura destas regiões maiores devem ser reconsideradas para optimizar a sua eficácia e garantir um melhor acesso à justiça para todos os cidadãos.

    Esta reavaliação é crucial para garantir que os sistemas de justiça respondem de forma mais adequada às necessidades específicas de cada região, tendo em conta as suas características demográficas, sociais e económicas.

    Chegamos agora à questão da profissionalização, que emergiu como um importante aspecto positivo da reforma.

    À medida que a jurisdição especializada foi implementada em todo o país, o número de tribunais especializados aumentou significativamente. Esta expansão abrange diversas áreas-chave do sistema de justiça, nomeadamente direito civil, direito penal, direito laboral, direito da família e de menores, direito comercial e direito executivo. Esta alteração representa um passo importante na organização e eficiência do sistema judicial português, permitindo uma abordagem mais focada e profissional em cada área específica do direito.

    A profissionalização continua a ser o caminho certo para o sistema judicial português, embora seja necessário equilibrá-la com a proximidade territorial, especialmente em áreas sensíveis como as famílias e os menores. Esta abordagem permite aos juízes especializarem-se em áreas específicas do direito, como criminal, fiscal ou família e crianças, onde o conhecimento aprofundado é essencial. Esta especialização pode levar a decisões e ações mais inteligentes e de maior qualidade, aumentar a eficiência e reduzir potencialmente os atrasos processuais, porque os juízes especialistas podem tratar casos específicos de forma mais eficiente. Além disso, permite uma alocação mais eficiente de recursos humanos e materiais, permitindo aos juízes gerir melhor o seu tempo e os recursos disponíveis.

    Para otimizar a eficácia da especialização é necessário investir na formação de juízes em novas áreas, bem como na formação contínua. A integração de novas tecnologias com sistemas de tecnologias de informação seguros e eficientes e o aumento do número de magistrados e oficiais de justiça também são cruciais.

    A escassez de recursos humanos e materiais limita o modelo de especialização, que no entanto parece ser o mais adequado. Quando as reformas foram implementadas, não havia funcionários suficientes para garantir o seu sucesso. A Aliança dos Magistrados do Ministério Público alertou na altura que era necessário um número suficiente de magistrados para evitar a sobreposição de disposições para processos judiciais em várias jurisdições.

    A administração da nova área desempenha um papel vital no bom funcionamento e eficiência de todo o sistema judiciário português. Quatro aspectos fundamentais merecem destaque: instituições, competências e operações;

    Ao introduzir um novo modelo de gestão de metas com uma estrutura tripartida, a eficiência e a qualidade da gestão dos tribunais foram significativamente melhoradas. O Sindicato dos Procuradores concordou com a existência e composição do órgão, sublinhando a necessidade de uma definição detalhada das competências, das formas de coordenação, dos poderes de cada membro e da necessidade de consentimento unânime para as decisões.

    Quanto ao orçamento, a autonomia fiscal das regiões e dos ministérios públicos deve ser reconsiderada. Recomenda-se que, no âmbito da dotação orçamental global de cada distrito, um orçamento especial para os fundos próprios da procuradoria seja determinado e gerido pelo magistrado coordenador da procuradoria para garantir a autonomia da procuradoria. A atribuição de verbas entre as diferentes categorias deverá ser da responsabilidade do Juiz Presidente e do Magistrado da Procuradoria Coordenadora.

    Na gestão do pessoal judicial, constatou-se que os administradores judiciais nem sempre demonstraram a necessária sensibilidade às necessidades específicas das diversas Procuradorias Distritais. A gestão dos funcionários judiciais é assegurada pelo Presidente do Tribunal e pelos Magistrados da Procuradoria Coordenadora nas respetivas áreas, em cooperação com o Diretor. Quaisquer alterações ao quadro requerem acordo entre os três.

    A gestão predial é outro aspecto importante que deve realmente destinar espaço aos serviços do sector público para garantir condições dignas e eficientes.

    Em resumo, as reformas do panorama judicial de Portugal implementadas há uma década trouxeram progressos significativos no sentido da modernização e eficiência do sistema judicial. A profissionalização e as novas estruturas de gestão surgiram como factores positivos fundamentais. No entanto, continuam a existir desafios importantes que requerem atenção e adaptação. É necessário repensar a escala de algumas regiões, equilibrar a especialização e a proximidade geográfica e resolver o problema da escassez de mão-de-obra e de recursos materiais. A gestão distrital, incluindo o orçamento, o pessoal dos tribunais e os edifícios, necessita de melhorias para garantir maior autonomia e eficácia. No futuro, é necessário um investimento contínuo na formação, na integração tecnológica e na alocação adequada de recursos para consolidar os ganhos alcançados e superar os obstáculos remanescentes, garantindo assim que o sistema de justiça seja mais acessível, eficiente e adaptado às necessidades da sociedade portuguesa.

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    A reforma do panorama judicial de Portugal, implementada há dez anos, trouxe progressos significativos no sentido da modernização e eficiência do sistema judicial. A profissionalização e as novas estruturas de gestão surgiram como principais pontos positivos. No entanto, permanecem desafios importantes.

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