PGR pede autonomia fiscal e critica falta de magistrados – Portugal
A Procuradora-Geral da República criticou esta segunda-feira a falta de magistrados e oficiais de justiça e de autonomia financeira da Procuradoria-Geral da República (PGR) no arranque do ano judicial e falou em novos projetos de recuperação de bens.

Antonio Pedro Santos/Lu América
No seu primeiro discurso, quase três meses depois de tomar posse como procurador-geral da República, Amadeu Guerra deixou claras as mudanças que considera necessárias num futuro próximo. Sobre a autonomia financeira, Amadeu Guerra deixou uma mensagem ao governo dizendo que a PGR não obteve “ganhos significativos em termos de tecnologia e sistemas de informação” através de fundos comunitários. “Tanto quanto sabemos, os fundos disponíveis estão concentrados no IGFEJ e na DGAJ”, portanto, explicou Amadeu Guerra, a PGR depende “da boa vontade destas entidades” e é tutelada pelo Ministério da Justiça.
A autonomia fiscal permitirá, portanto, ao Ministério Público “impor uma gestão mais rigorosa dos fundos atribuídos e investir numa abordagem integrada em ferramentas mais rentáveis nas áreas da informatização, processamento de informação e digitalização”.
Aproveitando o protesto silencioso à porta do Supremo Tribunal (STJ) convocado pelo Sindicato dos Funcionários Judiciais (SFJ) e ao qual se juntou o Sindicato dos Oficiais de Justiça (SOJ), Amadeu Guerra sublinhou que “o maior constrangimento é o problema actual que o sistema judicial enfrenta é o falta de oficiais de justiça e a sua falta de motivação”.
A falta de pessoal nos tribunais de todo o país “limita significativamente a celeridade dos processos”. O resultado final é que mesmo a competição em curso para oficiais de justiça que visa a colocação de 750 profissionais não será suficiente para compensar a lacuna, acrescentou.
Amadou Guerra concluiu ainda a sua intervenção mencionando a estratégia de recuperação de ativos que está pronta e disponível, que visa “garantir a criação de uma cultura eficaz de recuperação de ativos para a criminalidade económica e financeira em Portugal”.
“Reuni-me com o Diretor da Polícia Judiciária Nacional, que continua pronto e entusiasmado para garantir a vitalidade do Gabinete de Recuperação de Ativos (GRA)”, anunciou o Procurador-Geral da República.
Neste caso, os bens recuperados devem ser vendidos o mais rapidamente possível para evitar que percam valor, como é o caso dos carros apreendidos que ficam vários anos em armazéns.
A cerimónia oficial de abertura do novo ano judicial teve lugar na Câmara Nobre do Supremo Tribunal de Lisboa, onde, além de Amadou Guerra, estiveram presentes a bastonária da Ordem dos Advogados, Fernanda de Almeida Pinheiro, e a ministra da Justiça, Rita Aralcao. Estiveram presentes a Presidente do Tribunal Supremo, Judith, o Juiz Conselheiro João Cura Mariano, o Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Blanco, e o Presidente da República, Marcelo Re Bello de Sousa.
Artigos relacionados