PCP recomenda reconsiderar processo falhado de desagregação de freguesias
Dirigindo-se aos jornalistas no Congresso da República, o deputado do PCP, Alfredo Maia, sublinhou que o partido apresentou hoje mais de meia centena de propostas de alteração ao projeto de lei de desagregação das freguesias, que será votado esta sexta-feira no Congresso.
“Este conjunto de propostas que visavam restabelecer a justiça e dar resposta às legítimas reivindicações do povo, nomeadamente através das instituições legítimas que o representam e que formulam, aprovam e submetem todos estes processos à Assembleia da República, infelizmente não foram incluídos no grupo de trabalho e na votação da Comissão de Poderes Locais e Coesão Territorial”, afirmou.
Alfredo Maia sublinhou que as alterações propostas pelo PCP visavam garantir que os projetos de dessegregação de freguesias não aceites pela Assembleia fossem incluídos no projeto de lei, uma vez que estes projetos “supostamente entraram na Assembleia da República fora do prazo”.
Além destes casos, Alfredo Maia disse que o CPP também quer reconsiderar o processo de desagregação solicitado pelos municípios mas que não conseguiu ser aprovado pelo Congresso.
“Com todos estes processos, o nosso entendimento é que devem ser aceites aqueles que decorrem da vontade clara das populações e das instituições autárquicas. É neste sentido que temos trabalhado para este objetivo ao longo de todo o processo”, disse.
O representante do PCP disse esperar que os outros partidos “reexaminem o processo a nível global, especialmente aqueles que foram rejeitados, e agora, a nível local, tenham em conta as opiniões dos seus membros”.
Alfredo Maia citou especificamente o exemplo de Braga, onde a Câmara, de maioria socialista, juntamente com os deputados sociais-democratas, “aprovou por unanimidade uma moção proposta pelo Partido Comunista Espanhol para exigir a substituição exata da freguesia”.
“O que cada representante terá de enfrentar é o verdadeiro compromisso que tem com o povo, com os legítimos representantes do povo, e é esse reconhecimento que apelamos”, alertou.
Alfredo Maia foi ainda questionado se, além dos projetos rejeitados por alegadamente não terem sido concluídos no prazo, o PCP também recomendou a reconsideração de processos onde a viabilidade económica ou as normas técnicas estivessem em risco.
“O que o PCP defende é que todos os processos que decorrem da vontade do povo e das instituições legítimas devem ser aprovados, respeitando a autonomia das autarquias locais. Não podemos questionar decisões legítimas”, respondeu.
Alfredo Maia acredita que as freguesias “são uma ferramenta importante para a manutenção de relações à escala local”, sublinhando que em situações de emergência, como durante os incêndios de Setembro, “é evidente que a disponibilização de equipamentos de salvamento e apoio à população são óbvias. dificuldades devido à falta de dioceses e juntas de freguesia de dimensão territorial adequada”.
Na quarta-feira, PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN introduziram conjuntamente a chamada “Lei Relvas”, a Lei de Desagregação de Freguesias de 2013, propondo desagregar as 132 uniões de freguesia (UF). 296 freguesias.
É provável que mais autoridades locais sejam colocadas na lista dissidente até sexta-feira, dia em que o projeto de lei deverá ir ao parlamento para votação final.