Novas leis de solo? Entenda a polêmica
Suscitando intensa polémica está a nova lei dos solos, que resulta de um decreto que já foi publicado em dezembro mas que regressa esta sexta-feira ao Parlamento para apreciação. O que acontece?
Dos três, um: provavelmente não verá nenhuma mudança no Parlamento. Uma hipótese improvável. Podem procurar vingar-se de algumas das mudanças propostas pela oposição. Além disso, também poderia haver leis que revogassem o decreto, como deseja a Frente Cívica. A organização da sociedade civil alertou para os riscos de práticas corruptas.
Por que esta lei do solo está causando tanta polêmica?
Primeiro porque permite a construção de moradias em terrenos rurais onde a construção seria impossível, desde que os terrenos tenham sido previamente convertidos em terrenos urbanos. Neste contexto, a ideia é libertar mais espaço para construção e, portanto, na linguagem governamental, aumentar a oferta de novas habitações a preços compatíveis com os actuais rendimentos da classe média.
Uma casa pode ser construída em qualquer superfície rústica?
Não. Continuarão a ter terras rurais que não podem ser convertidas em terras urbanizáveis. À partida há duas excepções: dentro das reservas agrícolas e ecológicas nacionais, em zonas consideradas perigosas, não será possível a construção.
E se o proprietário de um terreno rural quiser requerer a construção da sua propriedade?
Em primeiro lugar, deve perguntar à Câmara Municipal se é possível transformar-se num espaço de construção. Ao abrigo da nova lei de solos, iniciou-se o processo de reivindicação de terras rurais, acompanhado pelos municípios, para que não seja necessário aprovar outros casos.
Country Ground, por exemplo, conseguiu garantir a sua aplicação, por exemplo, como proprietário típico. Existe um prazo de construção estendido?
Sim. As obras deverão ser concluídas em cinco anos. Este prazo só pode ser prorrogado por motivos excepcionais, mas apenas se o processo de construção já tiver sido iniciado.
A Frente Cívica da Associação da Sociedade Civil apelou à retirada do decreto, alertando que poderia abrir a porta à corrupção. como?
A Frente Cívica insiste que a nova lei de solos “conduz a práticas corruptas”, “estimula a promiscuidade entre autarcas, partidos políticos e especuladores imobiliários” e fará o oposto do que é necessário. Isto criará um “solo cruel” que complicará ainda mais a crise imobiliária.
O governo admite alterar o decreto que ele mesmo aprovou?
Sim. Miguel Pinto Luz, o ministro da orientação da habitação, manifestou-se aberto à melhoria da lei. Em entrevista ao projeto Hora Da Verdade, aos jornais Renascença e Público, Castro Almeida, vice-ministro e da Coesão Territorial, acredita que haverá um entendimento do Partido Socialista.